Quais são as formas que expressamos nossos vazios?
Existe um motivo para o exibicionismo físico? Ou para a exibição daquilo que se
tem em bens materiais? A exibição exagerada de dotes intelectuais? De
sociabilidade? De excesso de simpatia? Ou ainda de “sex appeal”?
Tudo na vida segue em busca de equilíbrio. E assim,
para se analisar uma pessoa ou situação, basta perceber se há equilíbrio em
todas as partes que compõe este alguém ou momento.
O simples fato de uma pessoa precisar se exibir já
demonstra falta de equilíbrio. Quando alguém está inteiro e balanceado, não
possui necessidade de aparecer. O mesmo acontece como consequência e de forma
natural, na intensidade que tem de ser.
Chegamos todos nesta vida sem manual de instrução
sobre como seguir em frente. Passamos esta trajetória em busca de nós mesmos e
de respostas que permeiam nossa consciência do início ao fim. Entre um momento
e outro, extravasamos nossas dúvidas e faltas de respostas de inúmeras formas.
Muitas que doem e nos marcam profundamente.
É na infância que construímos os nossos valores,
crenças e princípios. E toda falta de amor, compreensão e qualquer dificuldade
que se tenha tido nesta fase, irá se manifestar mais tarde, quando jovens ou
adultos. Muitas vezes passa-se a vida na busca pela compensação de um fato do
passado, sem sucesso ou sem qualquer consciência disso.
A busca desenfreada pelo amor de alguém, por
exemplo, que acaba refletindo em diversos relacionamentos, um atrás do outro,
ou em vários ao mesmo tempo, deixa clara a falta de afeto na infância. Uma
mágoa em relação ao pai ou à mãe, ainda que inconsciente, faz com que o ser
humano se sinta tão profundamente só, que o mesmo se perde na busca pela
compensação de amor num parceiro ou parceira. Como nada, nem ninguém substitui
este amor, a busca torna-se infinita e mal sucedida.
Todo excesso de nós mesmos ou de algumas de nossas
características vem demonstrar uma falta de equilíbrio. Assim como a
necessidade de exibição dessas características.
A exibição e ostentação de dinheiro mostra uma
ausência de valores amorosos. Assim como a exibição e humilhação através da
posse de dotes intelectuais, mostra a necessidade de subjugar o outro,
compensando uma provável subjugação do passado. O excesso de sociabilidade,
escancarando a necessidade de ser aceito, quando de forma inconsciente não há a
aceitação por parte de si mesmo. E daí por diante.
Toda falta gera em nós um vazio, que em nós
permanece de forma inconsciente, e na maioria das vezes por muito tempo. Anos a
fio. É pelo despertar de consciência, pelo auto-conhecimento, o se olhar para
dentro, que nos permite finalmente preencher esses “buracos” de forma adequada.
Não mudamos a história de nosso passado, mas somos
capazes de mudar o que sentimos ao lembrar de nossas histórias. Transformamos
nossas mágoas e dores em compreensão e aceitação. A partir daí, toda e qualquer
necessidade de se sobressair desparece.
Uma vez donos de nós mesmos, não importa o que o
mundo pensa ou o que o mundo fala. Só importa a paz finalmente encontrada no
melhor lugar possível: em si mesmo!
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