O maior impedimento à descoberta do espaço interior, a principal barreira à descoberta daquele que tem a experiência, é nos tornarmos tão subjugados pela experiência que acabemos perdidos nela. Isso significa que a consciência está desorientada em seu próprio sonho.
~Eckhart
Tolle
Não se render torna
a sua forma psicológica, a concha do ego, mais rígida, criando assim uma forte
sensação de separação. O mundo à sua volta e as pessoas, em particular, são
consideradas como ameaças. Surge a compulsão inconsciente de destruir os outros
através de juízos, assim como a necessidade de competir e dominar. A própria
natureza torna-se sua inimiga e as suas percepções e interpretações são
governadas pelo medo. A doença mental a que chamamos paranoia é apenas uma forma ligeiramente mais aguda desse estado de consciência normal, mas disfuncional.
Não é apenas a sua
forma psicológica, mas também a sua forma física - o seu corpo - que se torna
dura e rígida através da resistência. Cria-se tensão em várias partes do corpo,
e esse corpo contrai-se como um todo. A corrente livre de energia da vida que
percorre o corpo, e que é essencial para o seu funcionamento saudável, fica
muitíssimo restringida. O exercício físico e determinadas formas de terapia
física poderão ser úteis para restaurar essa corrente mas, se não praticar a
rendição no seu dia-a-dia, essas coisas só lhe poderão proporcionar um alívio
temporário dos sintomas, já que a sua causa - o padrão de resistência - não foi
desfeita.
Existe alguma coisa
dentro de si que permanece insensível às circunstâncias transitórias que criam
a sua situação de vida e você só lhe tem acesso através da rendição. É a sua
vida, o seu próprio Ser, que existe eternamente no reino eterno do presente.
Encontrar essa vida é "a única coisa necessária" de que Jesus falou.
Eckhart Tolle (O
Poder do Agora, pág. 208)
O que é
frequentemente chamado de " apaixonar-se " é na maioria dos casos uma
intensificação do desejo e necessidade egoica. Você se torna viciado na outra
pessoa, ou melhor, na sua imagem dessa pessoa. Isso não tem nada a ver com o
verdadeiro amor, o qual não contém qualquer desejo.
Observar as nossas
emoções é tão importante como observar os nossos pensamentos?
Sim. Habitue-se a
perguntar a si próprio: que estará a acontecer dentro de mim neste momento?
Esta pergunta indica-lhe qual o caminho a seguir. Mas não analise, limite-se a
observar atentamente. Concentre a sua atenção no seu íntimo. Sinta a energia da
emoção. Se não houver emoção presente, leve a sua atenção ainda mais fundo para
o campo de energia interior do seu corpo. É a entrada para o Ser.
Eckhart Tolle (O
Poder do Agora, pág. 45)
Vou mencionar alguns
comportamentos que as pessoas adotam inconscientemente para fortalecer sua
identidade com a forma. Se você estiver alerta o bastante, será capaz de
detectar alguns deles dentro de si mesmo:
- Exigir
reconhecimento por alguma coisa que fez e indignar-se ou aborrecer-se quando
não o consegue;
- Tentar obter
atenção falando sobre problemas pessoais, contando a história da própria doença
ou fazendo uma cena;
- Dar uma opinião
quando ninguém a pede e ela não faz diferença para a situação;
- Ser mais
preocupado com o modo como é visto pelas pessoas do que com elas, isto é,
usá-las como um reflexo do ego ou como um instrumento para realçar o ego;
- Tentar causar
impressão nos outros por meio de bens, conhecimentos, boa aparência, posição
social, força física, etc;
- Inflar
temporariamente o ego adotando uma reação irada contra alguma coisa ou alguém;
- Levar tudo para o
lado pessoal e sentir-se ofendido;
- Considerar-se
certo e os outros errados por meio de queixas fúteis, mentais ou verbais;
- Querer ser visto
ou parecer importante.
Caso você detecte um
desses padrões em si mesmo, sugiro que faça uma experiência. Descubra como se
sente e o que ocorre se o abandonar. Simplesmente descarte-o e veja o que
acontece. Enfraquecer quem você é no nível da forma é outra maneira de gerar a
consciência. Encontre o imenso poder que flui de você para o mundo deixando de
fortalecer sua identificação com a forma.
~Eckhart Tolle
Quando reagimos
negativamente à forma assumida pela Vida no momento presente, quando tratamos o
Agora como um meio para atingir um fim, como um obstáculo ou como um inimigo,
reforçamos a nossa própria identidade baseada na forma - o ego.
Daí resulta a
reatividade do ego. O que é a reatividade? É sermos viciados na reação. Quanto
mais reativos formos, mais ficamos presos à forma. Quanto mais nos
identificarmos com a forma, mais forte é o nosso ego. Então, o nosso Ser deixa
de brilhar através da forma - ou brilha com muito pouca densidade.
Através da
não-resistência à forma, o que existe em nós para além da forma emerge como uma
Presença abrangente, um poder silencioso muito maior do que a nossa breve
identidade baseada na forma - a pessoa. É quem somos de um modo muito mais
profundo do que qualquer coisa pertencente ao mundo da forma.
Eckhart Tolle (Um
Novo Mundo, pág. 172)
A predominância da
mente não passa de um patamar na evolução da consciência. Precisamos de chegar
ao patamar seguinte agora, urgentemente, de outro modo, seremos destruídos pela
mente, que se terá transformado num monstro.
O pensamento e a
consciência não são sinónimos. O pensamento não passa de um pequeno aspeto da
consciência. O pensamento não pode existir sem a consciência, mas a consciência
não precisa do pensamento.
Eckhart Tolle (O
Poder do Agora, pág. 42)
Relacionamentos
amor/ódio
É evidente que o lado
negativo de um relacionamento é mais facilmente reconhecido como disfuncional
do que o lado positivo. E é igualmente mais fácil reconhecer a fonte da
negatividade no seu parceiro do que reconhecê-la em si próprio. Pode
revestir-se de muitas formas: sentimento de posse, ciúme, repressão,
introversão e ressentimento não expresso, necessidade de ter razão,
insensibilidade e egoísmo, exigência e manipulação emocionais, desejo incontrolável
de discutir, criticar, julgar, acusar ou atacar, ira, vingança inconsciente por
sofrimentos infligidos no passado por um dos seus pais, raiva e violência
física.
No lado positivo,
você está "apaixonado" pelo seu parceiro. Ao princípio, é um estado
que lhe dá muitíssima satisfação. Você sente-se inteiramente vivo. É como se,
de repente, a sua existência fizesse sentido porque alguém precisa de si, o faz
sentir especial, e você retribui da mesma maneira. Quando estão juntos, você
sente-se completo. O sentimento pode tornar-se tão intenso que o resto do mundo
se torna insignificante.
No entanto, você
poderá já ter notado que, nessa intensidade, existe alguma coisa de necessidade
e de apego. Fica viciado na outra pessoa. Essa pessoa tem sobre si o efeito de
uma droga. Está bem quando a droga está ao seu alcance, mas a mera possibilidade
ou mesmo a hipótese de que ela poderá deixar de estar à sua disposição poderá
levá-lo ao ciúme, ao sentimento de posse, a tentativas de manipulação através
de chantagem emocional, a culpar e a acusar o outro - ao medo da perda. Se a
outra pessoa o deixar, isso poderá dar origem à mais intensa hostilidade ou ao
mais profundo sofrimento e desespero. Num instante, a ternura amorosa poderá
transformar-se numa agressividade feroz ou num desgosto terrível. Onde está
agora o amor? Pode o amor transformar-se no seu oposto em tão pouco tempo? E,
no fundo, era amor, ou apenas um vício de avidez e apego?
Eckhart Tolle (O
Poder do Agora, pág. 158)
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