Talvez lhe tenha passado despercebido que aqueles breves períodos em que se encontra "consciente mas desprovido de pensamentos" já estão a ocorrer natural e espontaneamente. Poderá estar ocupado com alguma atividade manual, a deambular pela casa ou à espera de ser atendido no balcão de uma companhia aérea, mas encontrar-se-á tão completamente presente e atento que a habitual interferência do pensamento diminuirá, sendo substituída por uma presença consciente. Ou poderá dar por si a olhar para o céu ou a ouvir alguém sem fazer qualquer apreciação mental. As suas perceções tornam-se cristalinas, sem a nebulosidade dos pensamentos.
Nada disto é significativo para a mente, uma vez que ela tem coisas "mais importantes" em que pensar. Também não é algo que a mente memorize. Talvez por isso seja difícil notar que os tais períodos de consciência desprovida de pensamentos já estão a acontecer.
Na verdade, esses períodos são os mais importantes por que pode passar. São o início da transição da racionalidade para a presença consciente.
Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 33)
Não vejo como posso ser livre agora. Acontece que me sinto extremamente infeliz com a minha vida neste momento. É um facto, e eu estaria a iludir-me se tentasse convencer-me a mim mesmo de que tudo está bem, quando definitivamente não está. Para mim, o momento presente é muito triste, não é nada libertador. O que me vale é a esperança ou a possibilidade de alguma melhoria no futuro.
Você pensa que a sua atenção está no momento presente, quando na realidade ela está completamente tomada pelo tempo. Não se pode sentir infeliz e ao mesmo tempo estar plenamente no Agora.
Aquilo a que você chama a sua "vida", deveria, para ser preciso, chamar a sua "situação de vida". É um tempo psicológico: passado e futuro. Há determinadas coisas que no passado não correram como você queria. Você continua ainda a resistir ao que aconteceu no passado, e agora está a resistir ao que é. A esperança é o que lhe vale, mas a esperança mantêm-no concentrado no futuro e essa concentração permanente perpetua a sua recusa do Agora e, por conseguinte, a sua infelicidade.
Eckhart Tolle (O Poder do Agora, pág. 78)
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