segunda-feira, 31 de outubro de 2022

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ESTES SÃO

Dias, em que o ar usado dos pulmões não consegue sair por completo, para que o novo possa entrar; porque parece preso de alguma forma, pela indignação que obstrui todos os condutos respiratórios.  Também dias, em que o estômago congestionado, não dando conta de digerir os sapos apodrecidos, engolidos forçosamente, fica incapacitado de receber, mais algum outro suprimento.  E muito antes disso, a boca padece de um fenômeno estranho, um gosto amargo e rançoso, causador de repulsa e náuseas, sem nem ao menos ter ingerido nem um naco de coisa sólida ou líquida.  

Espasmos intermitentes e violentos machucam a faringe, nas tentativas de vomitar o que é indigesto.  E mesmo assim, padeço de fome, de fome de justiça, numa vontade comichosa de pegar nas goelas, de dar uns cascos, de rasgar o verbo - o que absolutamente, não resolverá nada, porém, esta reação é instintiva, humanamente concebível e natural!

Pegar quais goelas? Cascar quem?  Rasgo assim, a mim mesmo, quando fecho a minha própria traqueia, sem poder gritar o que quero!  Casco em mim, a sofreguidão de negar ar novo aos meus alvéolos!

Incrível e revoltante ver, que existem consciências 'autolimpantes" - transferem para fora, toda a responsabilidade que lhes cabe e a despeito de todo o rastro de destruição, deixado na sua passagem ... dormem tranquilos – o sono dos justos.  

Tudo isso é muito maior do que eu posso ver ou entender, é demais para mim ... e dessa forma, o único alvo que atinjo é o meu sistema nervoso ... ao tentar modificar algo, que minhas mãos, não têm o tamanho suficiente para alterar e minhas forças, não têm poder para fazer diferente.


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