domingo, 30 de janeiro de 2022


1447

DO CORAÇÃO, TRIPAS




Fazer das tripas um coração, é tão custoso quanto, fazer com que um coração, se comporte como tripas.  Ambos, coração e tripas têm destinações diferentes e inverter suas funções ou modificar-lhes a finalidade dentro da anatomia, em favor de uma situação, não é tarefa fácil.  A diferença entre os dois, está também no formato; enquanto um é parecido com uma maçã de base pontuda ... o outro é um tubo retorcido, dentro de um espaço pequeno e que se colocado em linha reta, mostraria seu tamanho. O primeiro tem a função de bomba o e o outro, o de transformar, captar e expelir.

Nas situações adversas, é exigido de nós, um esforço sobre-humano, no sentido de 'darmos conta' dos fatos difíceis - na superação de nossos limites e forças, frente aos desafios impostos às nossas próprias condições físicas e emocionais.

Quando as 'tripas' precisam atuar como 'coração'?  Quando sentimos as entranhas reviradas, dentro de nós ... e uma intervenção consciente no processo da  'digestão' dos fatos causadores desse desconforto, é necessária!  Quando os acontecimentos precisam ser absorvidos de outra forma, com um pouco mais de tato; quando percebemos que a questão ou conflito, se torna uma coisa física.  O coração, estrutura mais branda, é capaz de assumir a empreitada, porque apesar de ser associado à imagem de bomba, por ser mais versátil, se torna multifuncional e apropriado a executar outras tarefas.  Tudo isso no sentido figurado, em vez de pensarmos com as entranhas, passamos a pensar com o coração.

E quando o coração precisa atuar como 'tripas'?  Quando sentimos o coração tão dolorido, tão apertado, com seu rítmo ameaçado ... que o melhor que temos a fazer é tirar de dentro da bomba o que lhe ameça o funcionamento; deslocando o sentimento, um pouco mais para baixo ... as tripas  ... local onde a dor possa ser destrinchada, isto é fracionada, para ser compreendida  e eliminada em seu excesso. Aqui também, o emocional afeta o físico, porque no coração não deve haver compartimento destinado às coisas ruins.  Ainda no sentido figurado, em vez de bombearmos substâncias tóxicas para o organismo, precisamos deixar que sejam descartadas da corrente sanguínea e excretadas, pelas estruturas capacitadas para isso.

Nos dois casos é muito difícil, forçarmos uma estrutura criada para uma coisa, a realizar outra ... é uma reinvenção de nós mesmos a cada dificuldade!  A arte de viver, constantemente, exige de nós, superação e um infindo jogo de cintura, de quadril; mudança de conceitos, de posturas, de direção e de caminhos.  Somos os agentes de nossa própria mutação, verdadeiros artífices de nós mesmos.  Afinal, acima do coração ou das tripas está o ser humano e acho que, esse intercâmbio de emoções e sentimentos só é possível, porque tanto um quanto as outras possuem neurônios.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário