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VOZ SEM SOM
Foi num instante de descuido dos meus pensamentos, entre um e outro, no espaço que deixaram, que eu pude ouvir a voz sem som, que me disse coisas que o pensamento nunca ousou. Era a voz da alma, estava lá quietinha a esperar por ser ouvida, da mesma forma que um ser espera pela hora de vir à luz, enquanto a vida borbulha na surdina. Encontrei sem querer, um oásis bem no meio de um deserto, com água cristalina e sombras verdejantes.
Eu vi a substância tomar forma, a voar solta e promissora, rumo ao infinito, saída daquele espaço deixado vago, entre dois pensamentos descuidados. A uma certa altura, ela virou-se e acenou para mim, com um macio adeus, de asinhas tenras.
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