segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

ORIGEM E DESTINO

1448

 ORIGEM E DESTINO




A areia é o limite para o mar. As margens direcionam o rio e de certa forma, atuam como barreiras, que contém suas águas dentro de um traçado ... porque do contrário, estas se espalhariam e se perderiam, muito antes de chegarem ao mar.  São as mesmas margens, que proporcionam ao rio distribuir fertilidade, indistintamente, através de todo seu curso. O sol é o limite da noite, enquanto a noite se impõe ao dia, na hora combinada.

Um corpo é limite para outro corpo, e mesmo que se desejem mutuamente, possuir um ao outro, ainda continuam sendo dois corpos; como a areia nunca será mar e o dia será sempre dia.  Os caminhos podem ser paralelos, como duas linhas que se tangenciam, aqui, ali, conservando-se próximas e juntas por um tempo razoável; porém, ainda assim, conservam suas origens distintas e que levam a destinos diferentes.

domingo, 30 de janeiro de 2022


1447

DO CORAÇÃO, TRIPAS




Fazer das tripas um coração, é tão custoso quanto, fazer com que um coração, se comporte como tripas.  Ambos, coração e tripas têm destinações diferentes e inverter suas funções ou modificar-lhes a finalidade dentro da anatomia, em favor de uma situação, não é tarefa fácil.  A diferença entre os dois, está também no formato; enquanto um é parecido com uma maçã de base pontuda ... o outro é um tubo retorcido, dentro de um espaço pequeno e que se colocado em linha reta, mostraria seu tamanho. O primeiro tem a função de bomba o e o outro, o de transformar, captar e expelir.

Nas situações adversas, é exigido de nós, um esforço sobre-humano, no sentido de 'darmos conta' dos fatos difíceis - na superação de nossos limites e forças, frente aos desafios impostos às nossas próprias condições físicas e emocionais.

Quando as 'tripas' precisam atuar como 'coração'?  Quando sentimos as entranhas reviradas, dentro de nós ... e uma intervenção consciente no processo da  'digestão' dos fatos causadores desse desconforto, é necessária!  Quando os acontecimentos precisam ser absorvidos de outra forma, com um pouco mais de tato; quando percebemos que a questão ou conflito, se torna uma coisa física.  O coração, estrutura mais branda, é capaz de assumir a empreitada, porque apesar de ser associado à imagem de bomba, por ser mais versátil, se torna multifuncional e apropriado a executar outras tarefas.  Tudo isso no sentido figurado, em vez de pensarmos com as entranhas, passamos a pensar com o coração.

E quando o coração precisa atuar como 'tripas'?  Quando sentimos o coração tão dolorido, tão apertado, com seu rítmo ameaçado ... que o melhor que temos a fazer é tirar de dentro da bomba o que lhe ameça o funcionamento; deslocando o sentimento, um pouco mais para baixo ... as tripas  ... local onde a dor possa ser destrinchada, isto é fracionada, para ser compreendida  e eliminada em seu excesso. Aqui também, o emocional afeta o físico, porque no coração não deve haver compartimento destinado às coisas ruins.  Ainda no sentido figurado, em vez de bombearmos substâncias tóxicas para o organismo, precisamos deixar que sejam descartadas da corrente sanguínea e excretadas, pelas estruturas capacitadas para isso.

Nos dois casos é muito difícil, forçarmos uma estrutura criada para uma coisa, a realizar outra ... é uma reinvenção de nós mesmos a cada dificuldade!  A arte de viver, constantemente, exige de nós, superação e um infindo jogo de cintura, de quadril; mudança de conceitos, de posturas, de direção e de caminhos.  Somos os agentes de nossa própria mutação, verdadeiros artífices de nós mesmos.  Afinal, acima do coração ou das tripas está o ser humano e acho que, esse intercâmbio de emoções e sentimentos só é possível, porque tanto um quanto as outras possuem neurônios.

 


sábado, 29 de janeiro de 2022

1446

SÚPLICA




Que a dor venha sempre, de par com a cura.  Que o amor traga consigo o antídoto à rejeição, enquanto a expectativa não secar de fome. Que a vontade seja ferrenha e a coragem saiba fortalecer seus músculos. Que a tristeza não se demore e a alegria finque raízes em nosso quintal. Que a esperança morra de velhice e a solidão possa contar com abraços e colos.  Que a boa sorte nos encontre onde estivermos; e que a luz ilumine nossos caminhos, escolhas e atos. 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

1445

A GÊNESE DO 'VIR A SER'




Se dois corpos não ocupam o mesmo espaço, um mesmo corpo não pode preencher dois espaços simultâneos. Toda responsabilidade está nas costas do passado.  Todo poder reside nas mãos e nos pés do presente.  É assim, que todas as possibilidades se criam e moram na cabeça do presente; e por enquanto, o futuro não é um organismo vivo, só tem em si - a essência.  Carece de uma forma e de sentidos, para se manifestar; é ainda, um conceito a ser gestado pelo presente e um embrião a ser alimentado, pela firme vontade do hoje; até que, no futuro se sustente como criação tangível e dotada de determinação, por escolhas reafirmadas ao longo do tempo, materializando-se como coisa concreta.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

1444

O ECO DO EGO 2




... continuação do  1442  -  O ECO DO EGO

Por essa razão, quando falas sobre coisas boas a meu respeito, me fazes pensar no quanto devo reconhecer minhas conquistas.  Igualmente, quando mencionas os meus defeitos, estás a deixar de considerar o meu esforço, de ser cada vez menos imperfeito.

Até que eu aprenda a configurar a minha própria imagem  (aquela que tenho de mim mesmo), com um material maleável, porém resistente e somente sucestivel, ao que eu permitir que lhe afete e transforme - tenhas um certo cuidado, com o que me dizes!

Não pretendo, que tal imagem tenha como envólucro nenhum metal, por mais nobre que seja; nem que a figura formada, agrade a ti ou a qualquer um.  Sua consistência e formato devem agradar a mim, apenas; além do que quê, ainda não sei como será, qual a sua  aparência, composição ou textura.   E como já disse, ela deve ter a plasticidade necessária, às modificações que eu deseje fazer, mais a firmesa suficiente, de barrar qualquer invasão; porque afinal é de minha responsabilidade, que ela seja íntegra, concisa e honesta.



segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

1443

O ECO DO EGO



Quando falas das qualidades alheias, estás a acariciar o ego alheio. 

Quando listas os seus defeitos, é também sobre ele que falas.  Num inventário que fazes, ao catalogares, cada ítem; dás uma leve deslustrada, nesse ídolo feito com uma fina camada de metal, que se arranha com facilidade.  Tal configuração, o torna instável, pois traz em seu interior, um material poroso, de consistência quebradiça e questionável, que mal consegue se manter íntegro, debaixo da fôrma que lhe dá a forma - porque esta, também é composta de uma liga, nem um pouco nobre, de origem duvidosa.  Fôrma e forma, nesse caso se retroalimentam.


As palavras forma e fôrma existem na língua portuguesa e estão corretas

Apesar do vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras não reconhecer a palavra fôrma, a utilização do acento circunflexo é facultativa nesse substantivo desde a entrada em vigor do atual acordo ortográfico (1971).


sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

 1442

CORAÇÃO DE NAPOLEÃO



 

É do tempo, em que eu somava os anos, pois os contava de forma crescente.  Hoje, subtraio, porque,  eu  os desconto, dos que ainda me restam.  Do mesmo tempo, em que era preciso um despertador para acordar ... agora, meu corpo já conhece as horas.  

Idem, ao tempo em que, eu perdia meu tempo, em reformar o mundo, com as minhas ideias de observador simplório; no tempo das bocas grandes, sem culpa e consequências.  À medida, em que os anos chegavam, a expectativa era de realização e conquista.  Enquanto

Pois então, os tempos são outros, bem mais curtos, e sei que, deixar certas coisas como elas 'são', pode ser sinal de sabedoria e significar ganho de eficiência.  Ao que se come hoje, se responde de forma, diretamente proporcional, com os malefícios à saúde ou benefícios.

Enquanto vejo os anos 'irem-se', o meu calendário de validade fica cada vez mais, com menos folhas ... A realização e a conquista (?), ainda estão presentes (!) ... porém com algumas ressalvas e adaptações.  É preciso, redirecionar a rota e é imprescindível, priorizar as metas.



Napoleão tinha coração, sim!  

Tinha um chapéu de muitas abas, claras como o céu

porque afinal, o recheio, se acumulava bem no meio!

Era doce, era afetivo e de semblante atrativo!

Os primeiros, comiam suas beiradas, pouco encharcadas ...

aos últimos, reservava-se o coração - quanta emoção!

Era cheio de chocolate!  E como sempre, causava debate!

Concentração de pura doçura, resultado da ternura

e do trabalho das mãos carinhosas e virtuosas ...

de quem trazia em seu coração, amor em saturação

em suas veias, um rio caudaloso de empatias!

Ninguém sabia o que acontecia

em sua cozinha, quando 'ela' criava sozinha 

... vó Maria, fazia sua alquimia!

Acho que seu coração estava sempre em oração!

Do coração de Maria, saia alegria ...

das mãos de Maria escorriam bençãos ...



arte __ THAI MY PHUONG






terça-feira, 18 de janeiro de 2022

1441 

O PAI DE TODA FLOR




Toda flor, tem como pai - o sol; como mãe - a água e a terra, servindo de ventre.  Da semente que se aninha no escuro do chão fértil, brota um pedacinho verde, um minúsculo caule, que tímido e frágil, irrompe o solo e sobe receoso, enrolando-se, em torno de si mesmo ou de um eixo imaginario. Cresce em direção ao pai; a mãe, supre-lhe as necessidade de minerais; enquanto a terra completa sua nutrição. 

Mesmo após, deixar de ser uma semente, um caule frágil, folhas tenras ou flor em botão ... a mãe, continuará a fornecer alimento ... a terra, aconchego ... e o pai, instigará sempre, a subir, cada vez mais alto.



arte __ catrin welz-stein


1440

TEMPO DE SER




Entre o passado e o futuro, fica o presente, espremido e apressado.  Incontáveis vezes, eu já pensei sobre isso - a superposição dos três: onde dois querem ocupar lugares que não são seus.  Porque na verdade, dentro do nosso comportamento cristalizado - nenhum está no seu devido tempo, nenhum se sente à vontade e reconhecido como deseja.

Se cada um ficasse no seu espaço - no seu quadrado, não haveria confusão e essa competição desleal,  para ver quem é mais forte ou teimoso, perderia a razão de existir.  

Sem dúvida, o que foi escrito, está muito mais concreto, do que o quê, ainda está em fase de elaboração. É óbvio que, o que vai acontecer, torna-se ansioso para vir a ser.  E nesse desrespeito, de quem tem a prioridade da vez, o presente fica sempre apertado, entre dois tempos - um, que já teve o seu tempo e o outro, que ainda terá.  A neurose instalada, em todos os tempos, modos e pessoas dos verbos sentir, pensar e viver; nos faz crianças tentando segurar com as mãos, pássaros ágeis e livres.

E como não vivemos um presente muito presente, nesse comportamento disfuncional e repetitivo ... o passado - que já sofreu espremido, lá trás ... e um futuro - que sabe que vai passar rápido ... ambos têm a mesma dificuldade de aceitarem seu próprio tempo de ser ... e vivem constantemente, a invadirem um lugar que não lhes é devido.

Somos nós que devemos gerenciar o tempo, afinal ele é nosso; ele não é propriedade do passado, nem do futuro; de verdade, pertence ao nosso presente.  

Presente - o único tempo sobre o qual podemos pisar e agir, sem a necessidade de segurarmos pássaros com as mãos.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

1439

CALOR E SABOR




Os ventos preguiçosos da tarde, viriam avisar que ainda é verão.  Em tempo de aquecer com o calor e me deixar beber da sua água.

Mas tais ventos não sopraram, vieram outros, velozes e muito estranhos. Calor? ... nem pensar!  Vieram os cinzas e secos, só com a água das chuvas para molhar, consternados pelo tempo ido, de preguiça quente e do gosto bom deixado nos lábios.



segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

1438

VOZ SEM SOM





Foi num instante de descuido dos meus pensamentos, entre um e outro, no espaço que deixaram, que eu pude ouvir a voz sem som, que me disse coisas que o pensamento nunca ousou.  Era a voz da alma, estava lá quietinha a esperar por ser ouvida, da mesma forma que um ser espera pela hora de vir à luz, enquanto a vida borbulha na surdina.  Encontrei sem querer, um oásis bem no meio de um deserto, com água cristalina e sombras verdejantes.  

Eu vi a substância tomar forma, a voar solta e promissora, rumo ao infinito, saída daquele espaço deixado vago, entre dois pensamentos descuidados.  A uma certa altura, ela virou-se e acenou para mim, com um macio adeus, de asinhas tenras.

sábado, 8 de janeiro de 2022

 

1437

O PARAÍSO E O IRREVELADO



Se por ventura me fizessem a pergunta: "você entendeu tudo o que lhe foi mostrado?", eu teria que ir com calma ao dar essa resposta.  Isso me inspiraria cuidados, para não ser apressado demais e leviano, pois a urgência dos dias, às vezes, nos priva da faculdade maior que temos.  Ela paralisa as ideias, em prol de desempenharmos, o que se espera que desempenhemos.  Perfeição e coerência - são coisas mesmo, que não andam junto com a pressa!

Eu é que me faço tal pergunta ... e em decorrência, outras virão!

Certas coisas, não se encaixam dentro da minha lógica pessoal - será preciso que ela - a lógica - se modifique, antes que eu esteja à altura e venha compreendê-las.  Parece-me, que a lógica está sempre aquém da capacidade de compreensão exigida!

Com meus olhos e sentidos de criança, entendi o mundo como pude; e acho até que em algumas vezes, ou melhor - na maioria delas - ainda 'leio' o mundo como uma criança, que inocente e ignorante ... não se sente 100% culpada pelas faltas que comete, muito embora sempre esteja fadada, a assumir suas consequências funestas!

Por quantas vezes estive pleno?  Em número? ... não se contam, pelos dedos de uma mão.  Quanto às vezes, em que me senti inadequado, ah ... essas são incontáveis!

Alguns fatos, eu entendi de pronto.  Outros, foi preciso um esforço descomunal de raciocínio, para poder acompanhar sequência e sentido apresentados.  Desses, eu me lembro de ter saído exausto, porém num efeito colateral - a musculatura da minha capacidade pensante ficou muito mais desenvolvida!     

Outros talvez, não venha entender e se entender (com a ajuda das teorias que posso usar para isso), é provável que não os aceite - porque entender, não significa aceitar.  Mas nada melhor do que o tempo, para nos fazer crescer, em todos os sentidos!

Tenho também, aqueles que 'acho' que entendi, mas ao certo, não posso afirmar com veemência, pois a qualquer momento, posso entrar em contato com um algum detalhe desconhecido, que jogará por terra, aquilo que tenho como certeza.  Como num filme, um detalhe, mantido oculto até o final da trama, pode fazer toda a diferença!

Aprendi que todos os sentimentos são genuínos, mas nem todos os desejos são lícitos – amar é permitido, mas desejar, nem sempre.  Os provérbios que minha avó dizia, eu os carrego comigo na memória, e muitos deles, só vim entender na idade madura; outros me são ainda, inalcançáveis.  Sei que todos eles são verdadeiros, e que só a posteridade provará o fundamento e autenticidade de cada um!

Estamos sempre, sendo expulsos de um paraíso, porque à medida, que alguns 'mistérios' se descobrem para nós, somos arremetidos para fora das zonas confortáveis, em que nos encontramos.

Minha resposta pode parecer extensa e um pouco evasiva, mas é a única plausível, no momento.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

1436

SIMPLES CONTRAPONTO







À noite, o brilho frio da lua, nem é tão frio.  Ela mesma - a lua, se aquece de tanto eu puxar a cordinha, que a traz para perto de mim.  No nascer do dia, que se desvenda aos poucos, fica a promessa de novos e inusitados momentos, e na medida em que a temperatura sobe, arrepios na espinha e frios na barriga são os contrapostos nas sensações causadas.  Nada é tão frio, nada é tão quente.  Porque para a alma não existe temperatura, pois o que é frio pode até queimá-la e o que é quente, pode fazê-la resfriar-se.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

1435

O OUTRO LADO





Eu pensei, que a vida mudasse através de um salto para cima - um impulso capaz de me arremeter a um local diferente e distante, do ponto de partida; descrevendo um semi arco no espaço; para onde eu seria projetada e plantada.  Para minha surpresa, percebi que não seria desse jeito.  

Foi então, que caminhando, eu me deparei com um desvio descendente - um atalho, mais que caminho, numa curva à direita - que para meu espanto passou por debaixo da estrada da vida.

Foi quase que automático, como se já estivesse meio programado, que eu seguisse por ele - eu fiz o movimento à direita e fui descendo.  Não era, em absoluto, uma passagem que cortava a linha do tempo visivelmente, estava mais para uma saída à francesa do que para um divisor de águas - e sem que me desse conta, já tinha tomado outro rumo.

À frente, havia uma passagem escura e subterrânea, lamacenta e com grandes poças, obviamente escorregadia, dando acesso ao outro lado.  De imediato, estanquei bem no meio dela.  Meu primeiro medo, foi o de me estatelar naquele chão imundo, coisa nojenta e degradante.  Do meio dessa passagem escura, também obscura, era possível ver o que havia do outro lado.  Uma continuidade da mesma estrada, porém um pouco mais rústica e desconhecida.. 

Não sei se por receio de pisar naquele chão duvidoso ou se por falta de coragem de me aventurar à nova paisagem, eu recuei, do ponto onde havia estancado.  Ecoei um grito sentido, pela minha impotência, quanto a me decidir seguir em frente ou não.

Aquela cena - eu parada no meio da passagem, no limite entre o chão seco e o lodo, mas já imersa na escuridão - foi coisa que não me saiu da cabeça, nem o som do meu grito, desapareceu da lembrança.  Eu tive que retornar aquele mesmo ponto.  Ter chegado até o meio dela e retornado sem atravessar, trouxe uma insatisfação inquietante e uma curiosidade aguçada, impossível de manter por mais tempo.

Acho que, uns dois dias depois, eu voltei àquelas mesmas coordenadas.  Nesse dia, o chão não estava tão lamacento, nem a passagem tão obscura.  Podia perceber alguns pontos, em que as poças e a lama, estavam separados por espaços, do tamanho dos meus passos.  Foi assim que dessa vez, muito cuidadosamente, eu atravessei, não caí, nem me sujei.

A estrada do outro lado era seca, sem dissolução de continuidade, em relação àquela - minha velha conhecida.  O caminho era, ligeiramente ascendente, com uma leve curva para a esquerda, como querendo me trazer de volta ao antigo nível.  Pude pereceber um local nada ameaçador, por sinal bem aprazível, com vegetação nativa e relevo pouco acidentado. A região revelou-se promissora, ainda intocada, selvagem tal qual a natureza é, mas acolhedora e estava lá, para ser desbravada por mim.