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JOGADOR E JOGO
09/09/20
Baixou todas as cartas, nenhuma consigo, nenhuma na manga, todas na mesa, expostas e conhecidas, mãos vazias. Isso para um jogador é a morte, apostou tudo, trazia bolsos tão vazios quanto as mãos. Fez todas as jogadas possíveis, blefou, também disse a verdade, sem chance. Tinha entrado para ganhar, era seu dia de sorte.
Armas depostas, a todas que conhecia; as que desconhecia, inclusive, se tornou íntimo delas e as perdeu também. Feriu seus conceitos, ousou alterar a conduta, no intuito de acertar, usou de meios extremos, nem assim. Não tinha mais nada. Carta, arma ou fôlego - nada. Era o fim do jogo, definitivamente. Era hora de abandonar a mesa, retirar-se do campo, esquecer a causa, deixar que as águas fluíssem do jeito que deviam, sem impor-lhes barreira ou controle - a rendição em si.
De tanto que fez, que bateu na mesa, que jogou honestamente, e não teve êxito. Vencido, aceitou que não era para ganhar, nem acertar, era apenas jogo. Sua derrota tem um propósito: mostrar-lhe quem ele é - que o jogo, é sempre, maior do que o jogador.
arte | amanda cass
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