1218
EU TODA
11/09/20
Como toda ideia que me lateja na cabeça: sei onde começa, mas nunca sei onde vai parar ... não tenho a mínima pretensão, de adivinhar, onde esta, pode me levar.
Têm dias em que penso, que existem muitas de mim, acotovelando-se aqui dentro. Que é impossível, todas coabitarem no mesmo espaço, que alguém tem que sair, para o resto viver em paz. Têm também outros dias, em que sou forçada a admitir, que essa que 'teria' que sair, é justamente, aquela que mantém a minha sanidade, que possibilita que eu permaneça dentro, de verdade. A mesma, que age como uma espécie de cola, unindo todas as outras.
São exatamente, essas divagações que me tiram o sono e o sossego. Ao final das contas, ninguém sai, todas ficam, forçadas a conviverem umas com as outras, a dividirem a mesma zona de desconforto, o mesmo corpo débil, o mesmo espírito inquieto. Acho que é por isso, que conviver com outras pessoas é tão penoso. Se o convívio com aquelas que moram dentro de mim, que me são familiares, já é tão penoso! ... imagine quanto aos estranhos, que por essa mesma razão, desconheço necessidades, limitações, intenções, humores, propósitos? Nossa!
Talvez em algum momento, uma parte de mim saia, apenas um milimetro, para fora desta carapaça e faça uma visita, por mais breve que seja, a alguma outra dimensão paralela, quem sabe? ... para respirar uma atmosfera um pouco menos insalubre ou descobrir-se um tiquinho mais, num ambiente um pouco mais claro!
Quantas vezes já vivi e morri? E digo isso, que o fiz, por dentro e por fora, inúmeras vezes. Recuperei o que deu para recuperar das minhas perdas, em todos os sentidos e montei uma outra versão de mim mesma, talvez um pouco mais imperfeita, ou perfeita, quem sabe? Quem me diz, se o que foi perdido era mesmo necessário!?
Os olhos do corpo acabam por perder sua acuidade, enquanto os olhos do espírito, ganham maior capacidade de vislumbrar adiante, com mais clareza e de compreender o que ficou para trás. Quanto mais vergastado um corpo, mais leve fica, mais gaseado se mostra. Quanto mais polimento recebe uma personalidade, mais lapidada se torna, com menos partes e mais harmônicas entre si.