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LINHA DE DEFESA
25/06/20
Não é o doce saboreado com gosto, que me faz remontar à infância e ao momento feliz - que me mata. Não é a pizza compartilhada, em boa conversa e companhia, que entope os meus 'encanamentos'.
Não são os pequenos prazeres voluntários, aos quais me entrego, vez ou outra, com plena consciência e vontade; mas as obrigações involuntárias, que nos são impostas, que eu como todos, estamos propensos a ter, sem escape e distinção - que nos fazem amargar, entupir, desconcertar e de uma certa forma - morrermos, cada vez um pouco.
São 'girinos' que se apresentam a nós, crus e que não temos outra escolha a não ser engolirmos. Mesmo quando nos recusamos a fazê-lo, tem sempre algo que nos tapa o nariz, nos deixando sem alternativa para respirar, nos forçando a abrirmos a boca, e assim, são colocados goela abaixo, para serem deglutidos a seco. É o descaso constante, a dúvida atroz, a indiferença, a queixa legítima não ouvida, a injustiça perpetrada; que consomem a nossa alegria, a jovialidade, a graça.
O lado de fora não existe - só há 'dentro'. Eu só tenho o hoje - que é meu de verdade. A minha única defesa - elevar a frequência na qual vibro. São situações que devolvem a responsabilidade ao meu colo, como batata quente, porque tudo depende de mim - de como interpreto o que me acontece; se mantenho dentro de mim, o girino que fui obrigado a engolir, deixando que se transforme num sapo venenoso.
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