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MEDIDAS INTEIRAS
18/06/20
Eu não era. Não estava mais lá. Não tinha corpo, só um pequeno risco vertical, situado e marcando um ponto, numa linha horizontal. Era a linha do tempo, e eu era um determinado ponto de um tempo, já passado - eu fora. Era estranho, ou talvez, eu devesse dizer: 'foi' estranho - isso seria mais apropriado.
Era um talo de planta, um pedúnculo irreconhecível, sem mais nada, nem folha ou flor; uma pequena estaca representativa do que eu fora, fincada no tempo, que embora já não conservasse cabeça, trazia a consciência intacta.
Eu não estou lhes dando meias medidas, não intencionalmente, esse não é o caso. Dou-lhes medidas inteiras, ao menos tão inteiras, tanto quanto elas podem ser, ou quanto eu acredito que sejam.
arte | helena abreu
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