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RELUTÂNCIA
18/09/17
Os cafezais estão torrando nos campos, num estranhíssimo inferno de final de inverno. Os peixes, literalmente, morrendo pela boca, porque comem o nosso lixo.
Os seres humanos secando, física e energeticamente, na aridez do planeta ... morrendo afogados ou destroçados pelas catástrofes de todos os tipos. Aqueles que sucumbem de doenças novas e das velhas conhecidas. Outros que definham por doenças não vistas e mesmo assim, acreditam ter qualidade de vida.
Os animais, as plantas, as rochas, todos se ressentem das comoções que afetam o equilíbrio e ameaçam a vida.
O planeta resiste com longos e penosos haustos, que lhe custam os pulmões já envenenados e que perderam a capacidade de inflar e soltar o ar. Num sacrifício hercúleo, de quem se dá por amor e não pelos louros.
Arranca ainda assim, de suas entranhas o alimento, a água, o berço necessários a todos os seres viventes. Permite que lhe extraiam as riquezas que são de todos, para alguns poucos.
O homem ainda insiste, finge que não é com ele, embora pressinta uma certa culpa por todo esse processo, ainda nega a sua responsabilidade - enquanto não consegue admiti-la como sendo sua e quando deixa de fazer algo a respeito, porque fazer algo a respeito é parar um processo muito lucrativo.
Acompanha a tudo isso, o infortúnio, que é um vírus invisível a olho nu, penetra por qualquer brecha, se infiltra por qualquer rachadura, atravessa qualquer barreira. Pode ser sólido, líquido, gás ou espectro. Não há um só lar em que não se faça conhecer e se tornar íntimo. Em cada um que adentra, senta-se à mesa, deita-se à cama, prostra-se de frente à tv.
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