quinta-feira, 8 de março de 2018




VOLTANDO PRA CASA

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Naquela tarde havia chovido, feito sol, chovido, feito mormaço e chovido de novo.  Eram apenas 17 horas e eu tinha usado o guarda-chuva, algumas vezes, como sombrinha e como guarda-chuva mesmo.

Àquela hora, eu estava no ônibus de volta pra casa, estávamos parados no semáforo.  Meu olhar estava na água acumulada na sarjeta do outro lado da rua, escoando devagar.  Dava pra ver os pingos que ainda caiam, e isso me deixou hipnotizada.  Olhava pra água, mas pensava em sei lá o quê!


Dentro do ônibus o ar condicionado deixava o interior dele bem fresco.  Os vidros das janelas do ônibus estavam limpos, vários pingos escorriam em queda livre do lado de fora, faziam trajetórias retas, pareciam pecinhas caindo aleatoriamente, daqueles jogos de celular, onde não conseguimos acompanhar, nem prever de onde surgem.


Foram esses mesmos pingos que me tiraram da hipnose que a água acumulada no chão exercia sobre mim.  Passei a prestar atenção a cada um deles.  Sem querer eles me tiraram do meu descanso, porque o que eu fazia olhando a água no chão, era dar um descanso às minhas vistas cansadas, já que eu não tinha um aquário com peixes, nem um horizonte pra apreciar.


Logo depois o semáforo abriu e fomos embora.  Eu me esqueci dos pingos e do meu descanso, só pensava num bom banho.



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