sexta-feira, 30 de março de 2018
UMA HORA 647
Eu me deixei ficar ali, na chuva, no frio e na quase noite. Afinal, eu estava lá, voluntariamente. Por decurso do tempo e por escolha, tinha marcado um horário com o infortúnio. Passei por tudo isso, sem sentir dó de mim - aceitação pura - sem me sentir o último dos seres, um 'tadinho'.
Me imaginei, como alguém que se torna insensível ao frio, à dor, ao desespero, à solidão.
Foram breves momentos, mas percebi que isso é possível e passível de se vivenciar,
é não oferecer resistência à temperatura baixa e desobrigar o corpo à tremer,
é saber que a dor em algum momento terá fim, só é preciso aguentar uma pontada por vez,
é reconhecer que o desespero é fé pequena,
é ter certeza de nunca estar só.
Uma hora, seu ônibus vem, você encontra o amigo, a dor vai embora, o dia clareia!
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