Fragmentos 317
Às 7 e alguns minutos ...
Estou eu aqui, misturando meu perfume ao cheiro
de pão de queijo (sem queijo), a espera de alguém que virá ao meu
encontro.
Meus sonhos se juntam aos sonhos dos demais que
cruzam à minha frente, e aos que vão na
mesma direção. Tenho certeza de que não
são muito diferentes entre si, os sonhos.
Temos mais em comum do que imaginamos.
São semblantes carrancudos, alguns naturalmente
alegres - mais parece que tiveram um sorriso permanente desenhado em seus
rostos. Certas expressões, pra mim são inexprimíveis – são seres absortos num
tempo que não é o presente.
Me vejo tão separada – fisicamente - no entanto
partilho desejos, com os que transitam pela mesma via.
Experimentamos a brevidade da vida - não falo do doce que tem esse nome - falo da ideia de impermanência. Estamos aqui, individualidades circunscritas
no corpo que temos, e num instante podemos não ter mais um corpo pra ocupar
espaço, nem circunscrever a nossa existência. Uma consciência relativa, num corpo finito.
O ‘alguém’ chega e eu saio do meu ‘transe’,
deixo de filosofar e volto ao momento real, rotineiro e fugaz! Deixo pra trás meus questionamentos e me
junto à multidão que sobe as escadas rolantes da estação, apressada e autômata. Como se acionassem um botão nas minhas costas, responsável pela minha automação, sou apenas mais um.
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