ENTRETONS
As cores invadem as formas ou as formas se apoderam das cores, não sei ao certo. Ficam assim, as nuances várias, ousando, para fora dos contornos, como que a profanarem os próprios limites da matéria descolorida, fazendo-a aumentar sua massa ou como, se as cores adquirissem vida e vontade, e na sequência, tornam-se mais corpóreas que as formas. Numa visão caleidoscópica, os padrões se alternam em brilho e transparência, matizes novos se formam pela sobreposição dos tons, os mais improváveis e inesperados.
Parece-me que sofro de uma certa descompressão de minhas ideias, visões e sensações, além é claro, de uma baixíssima pressão arterial. E sigo assim, como se flutuasse dentro de uma bolha desprovida de gravidade, num estado alterado de consciência, induzido pelo uso de alguma substância química e sem poder avaliar as verdadeiras dimensões de mim mesma.
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