segunda-feira, 13 de março de 2023

1574



EIS A HISTÓRIA

Arrependimento é coisa impossível de se afogar em pranto.  A dor é ardida, não tem lugar certo onde doer.  Dói por todos os cantos, por todas as extensões curvas e retas, até atingir o peito, feito um soco de punhos pesados, que diminui o espaço do ar e do pulsar do coração.  Além do que, as águas, mesmo que salgadas não curam esse mal.

É medida tardia da consciência, que procura recuperar a sanidade, quando vê a escolha que não fez. Tão tardio quanto ineficaz é o resultado da medida, porque em vez de tranquilizar, desespera ainda mais.  Seus goles amargos e secos não diminuem a culpa, nem a dissolvem na névoa das emanações simuladas.

E pensar, que uma palavra, um gesto, uma simples aquiescência seria o bastante, para transformar caminhos distintos em um só.  Teríamos então, a chance de nos darmos os melhores anos de nossas vidas (?) – anos passados e perdidos para sempre (!).  Um sopro nos faz nascer, outro sopro, morrer, e não sabemos quando o último virá, apenas que estamos mais próximos dele.

Arrepender-se é abandonar a batalha, entregar as armas, sair carregando os mortos nas costas, sem ter onde enterrá-los.


arte __ agnes cecile

Nenhum comentário:

Postar um comentário