1574
EIS A HISTÓRIA
Arrependimento é coisa impossível de se afogar em pranto. A dor é ardida, não tem lugar certo onde doer. Dói por todos os cantos, por todas as
extensões curvas e retas, até atingir o peito, feito um soco de punhos
pesados, que diminui o espaço do ar e do pulsar do coração. Além do que, as águas, mesmo que salgadas não
curam esse mal.
É medida tardia da consciência, que procura recuperar a sanidade, quando vê a escolha que não fez. Tão tardio quanto ineficaz é o resultado da medida, porque em vez de tranquilizar, desespera ainda mais. Seus goles amargos e secos não diminuem a culpa, nem a dissolvem na névoa das emanações simuladas.
E pensar, que uma palavra, um gesto, uma simples aquiescência
seria o bastante, para transformar caminhos distintos em um só. Teríamos então, a chance de nos darmos os
melhores anos de nossas vidas (?) – anos passados e perdidos para sempre (!). Um sopro nos faz nascer, outro sopro, morrer, e não sabemos quando o último virá, apenas que estamos mais próximos dele.
Arrepender-se é abandonar a batalha, entregar as armas, sair carregando os
mortos nas costas, sem ter onde enterrá-los.
arte __ agnes cecile
Nenhum comentário:
Postar um comentário