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DUALIDADE
São dois segmentos ou dois espaços, com claridades e sombras diferentes,
num deles é sempre noite. De um lado as
imagens são concretas, no outro impalpáveis, mas nem por isso irreais e não
menos sensíveis.
Duas facetas, se assim posso dizer, realidades independentes entre si e quase que paralelas, não fossem totalmente opostas, levando-me a destinos diferentes, embora sigam na mesma direção. Eu sou o elo de ligação entre as duas ... assim não fosse, acabariam por desaparecer das vistas uma da outra. Essa dualidade me divide e não sabe me recompor na sequência. Eu vivo aqui e ali, em condensação de meu desejo numa, e em sua dispersão na outra. Transito entre as duas, mas não tenho certeza se realmente vivo.
Ouço a voz que consegue subsistir entre os dois lados - adoradora
do sol e amante da lua, que dança e uiva alternadamente; enquanto clama, em
desespero contido, para que os dois se unam e formem um só ... ou que um mate o outro, de vez, para que assim eu não me perca dentro de mim mesmo. Nessa zona de hesitação não há completude,
nem sanidade, esse ir e vir cava sulcos profundos na minha integridade.
arte __ agnes cecile
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