segunda-feira, 20 de março de 2023


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VIDA E ARTE

A vida se conta, como se fosse um filme, onde o roteirista escolhe mostrar o cenário e a sequência dos fatos.  Vão aparecendo os personagens, numa visão imparcial de cada um, sem entrar no mérito de seus sentimentos e motivações, nem dos históricos particulares, que influenciam a trama.  A vida começa nos dando uma visão geral, que só bem mais tarde, vamos adquirindo a capacidade de perceber como ela se mostra de fato, depois de um certo amadurecimento e conhecimento, que vamos ganhando para interpretá-la.

A arte, às vezes, nos conta alternando as épocas, presente-passado-presente, o que pode dificultar nos localizarmos na linha do tempo.  À medida que o filme se desenrola, é como se cada um dos personagens se apresentasse a nós, em particular, dando-nos a sua versão; até que, peça a peça, compomos todas as variantes e identidades que participam do enredo.  E não é assim mesmo que acontece, com a nossa percepção da vida?  Partimos de uma visão inicial que tivemos dela e diminuindo sua teatralidade; passamos para uma outra visão mais pormenorizada e com mais sentido.

Na vida, retrocedermos em nossas memórias não modifica a história, mas pode nos ajudar a entender algo que foi mal compreendido na época do ocorrido; como num filme bem editado, com seus pormenores lançados aleatoriamente, de presente-passado-presente, que quando colocados em linha reta, nos esclarecem sobre os pontos obscuros.



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