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A vida se conta, como se fosse um filme, onde o roteirista
escolhe mostrar o cenário e a sequência dos fatos. Vão aparecendo os personagens, numa
visão imparcial de cada um, sem entrar no mérito de seus sentimentos e motivações,
nem dos históricos particulares, que influenciam a trama. A vida começa nos dando uma visão geral, que
só bem mais tarde, vamos adquirindo a capacidade de perceber como ela se mostra
de fato, depois de um certo amadurecimento e conhecimento, que vamos ganhando para interpretá-la.
A arte, às vezes, nos conta alternando as épocas, presente-passado-presente,
o que pode dificultar nos localizarmos na linha do tempo. À medida que o filme se desenrola, é como se
cada um dos personagens se apresentasse a nós, em particular, dando-nos a sua
versão; até que, peça a peça, compomos todas as variantes e identidades que
participam do enredo. E não é assim
mesmo que acontece, com a nossa percepção da vida? Partimos de uma visão inicial que tivemos dela e diminuindo sua teatralidade; passamos para uma outra visão mais pormenorizada e com mais sentido.
Na vida, retrocedermos em nossas memórias não modifica a
história, mas pode nos ajudar a entender algo que foi mal compreendido na época
do ocorrido; como num filme bem editado, com seus pormenores lançados aleatoriamente, de presente-passado-presente, que quando colocados em linha reta, nos esclarecem sobre os pontos obscuros.
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