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ESTES SÃO
Dias, em que o ar usado dos pulmões não consegue sair
por completo, para que o novo possa entrar; porque parece preso de alguma
forma, pela indignação que obstrui todos os condutos respiratórios.
Também dias, em que o estômago congestionado, não dando conta de digerir os
sapos apodrecidos, engolidos forçosamente, fica incapacitado de receber, mais
algum outro suprimento. E muito antes disso, a boca padece de um fenômeno
estranho, um gosto amargo e rançoso, causador de repulsa e náuseas, sem nem ao
menos ter ingerido nem um naco de coisa sólida ou líquida.
Espasmos
intermitentes e violentos machucam a faringe, nas tentativas de vomitar o que é
indigesto. E mesmo assim, padeço de fome, de fome de justiça, numa
vontade comichosa de pegar nas goelas, de dar uns cascos, de rasgar o verbo - o
que absolutamente, não resolverá nada, porém, esta reação é instintiva, humanamente
concebível e natural!
Pegar
quais goelas? Cascar quem? Rasgo assim, a mim mesmo, quando fecho a minha
própria traqueia, sem poder gritar o que quero! Casco em mim, a
sofreguidão de negar ar novo aos meus alvéolos!
Incrível e revoltante ver, que existem consciências 'autolimpantes" - transferem para fora, toda a responsabilidade que lhes cabe e a despeito de todo o rastro de destruição, deixado na sua passagem ... dormem tranquilos – o sono dos justos.
Tudo
isso é muito maior do que eu posso ver ou entender, é demais para mim ... e
dessa forma, o único alvo que atinjo é o meu sistema nervoso ... ao tentar
modificar algo, que minhas mãos, não têm o tamanho suficiente para alterar e
minhas forças, não têm poder para fazer diferente.