domingo, 11 de setembro de 2022

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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO

ÁS ESCURAS


Eu me lembro de uma brincadeira, que fazíamos com o espelho, quando crianças.  Ele era colocado debaixo do nariz, voltado para o céu, e assim andávamos como se andássemos sobre as nuvens.  Era amedrontador, pois a sensação era de não pisar em nada - dava um frio na barriga!  Talvez a brincadeira, fosse um ensaio para a vida adulta.


Certas escolhas nos levam a caminhos não desejados.  Isso acontece, porque miramos no que vemos e não no que realmente é.  Nossa visão tende sempre a ser idealizada, segundo nossos anseios, fantasia e romance; e o que vemos acontecer muitas vezes, beira a insanidade.  A cada passo que damos, com base em ideias concebidas de fatos irreais, nos leva a um certo direcionamento real, não coincidente com o objetivo.

Eu questiono o ‘livre arbítrio’, aquela liberdade de escolha, que dizem que temos.  Concordo que somos livres para ir adiante, dobrar a esquerda ou direita e até retroceder, mas na maioria das vezes, não temos a menor ideia do que significará para nossa vida, tomar esta ou aquela direção.  Cada caminho, exclui os demais e nos leva a outras passagens secundárias e desconhecidas ... à cada decisão, corresponde uma consequência.  A liberdade concedida é apenas quanto a escolha do caminho, ela não se aplica aos resultados obtidos - eles nos são impostos pelas decisões, acertadas ou não.

Essa ‘liberdade de decidir’ com que fomos agraciados, é instrumento para o qual não estamos totalmente capacitados para operar.  É ferramenta que pode ferir, e invariavelmente fere, porque tem grande poder de corte e nossas mãos não estão devidamente protegidas.  É semelhante a um esmeril, que não vem acompanhado de equipamento de proteção, nem individual, nem coletivo, que espirra partículas perigosas, para todo lado. Só com a prática que adquirirmos em manuseá-lo, atingiremos a habilidade de usá-lo, sem nos ferir ou ferir alguém.



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