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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
ÁS ESCURAS
Eu me lembro de uma brincadeira, que fazíamos com o espelho, quando crianças. Ele era colocado debaixo do nariz, voltado para o céu, e assim andávamos como se andássemos sobre as nuvens. Era amedrontador, pois a sensação era de não pisar em nada - dava um frio na barriga! Talvez a brincadeira, fosse um ensaio para a vida adulta.
Certas
escolhas nos levam a caminhos não desejados.
Isso acontece, porque miramos no que vemos e não no que realmente é. Nossa visão tende sempre a ser idealizada,
segundo nossos anseios, fantasia e romance; e o que vemos acontecer muitas
vezes, beira a insanidade. A cada passo
que damos, com base em ideias concebidas de fatos irreais, nos leva a um certo direcionamento real,
não coincidente com o objetivo.
Eu questiono o
‘livre arbítrio’, aquela liberdade de escolha, que dizem que temos. Concordo que somos livres para ir adiante,
dobrar a esquerda ou direita e até retroceder, mas na maioria das vezes, não
temos a menor ideia do que significará para nossa vida, tomar esta ou aquela
direção. Cada caminho, exclui os demais
e nos leva a outras passagens secundárias e desconhecidas ... à cada decisão, corresponde uma consequência. A liberdade concedida é apenas quanto a escolha do caminho, ela não se aplica aos resultados obtidos - eles nos são impostos pelas decisões, acertadas ou não.
Essa ‘liberdade
de decidir’ com que fomos agraciados, é instrumento para o qual não estamos
totalmente capacitados para operar. É ferramenta
que pode ferir, e invariavelmente fere, porque tem grande poder de corte e
nossas mãos não estão devidamente protegidas.
É semelhante a um esmeril, que não vem acompanhado de equipamento de
proteção, nem individual, nem coletivo, que espirra partículas perigosas, para todo lado. Só com a prática que adquirirmos em
manuseá-lo, atingiremos a habilidade de usá-lo, sem nos ferir ou ferir alguém.
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