domingo, 31 de julho de 2022

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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO

'O OUTRO E A EXPECTATIVA'


Tanto faz, como quiserem chamar, insanidade ou suicídio emocional ou rota de colisão ou qualquer nome que queiram dar.  Ao alimentamos expectativas em relação ao outro, selamos um ‘destino certo’ para nossas emoções – de frustração e desespero.  Se nas nossas expectativas, sobre o que queremos concretizar, em nós mesmos, temos dificuldade de alcançar (e isso não depende de ninguém mais além de nós) ...  o que dizermos então, da reação alheia perante nossas ações?!

Ao esperarmos um específico ‘retorno do outro’, criamos um espaço para colocá-lo, que dificilmente, será preenchido à contento; bem provável, que o espaço nunca se encha na totalidade, deixando-nos uma sensação de fracasso, insatisfação e consequente desilusão.

Um espaço que nunca se completa ou um saco que nunca fica cheio ou uma satisfação que não vem - é o resultado que obtemos das ‘falsas promessas’ que fazemos a nós mesmos, quando contamos com a compensação aos nossos anseios, provinda do comportamento do outro, que esperamos ser condizente com os nossos esforços!  A realização de tais promessas, não compete a nós; muito menos determinar o tamanho que devem ocupar as respostas recebidas, se vão ou não agradar a nossa demanda.

A palavra ‘outro’, já diz tudo – não se trata mais de ‘mim’ ou de ‘nós’, trata-se de outro estágio de consciência, de experiências diferentes, de necessidades e capacidades diversas - um universo distinto do nosso, embora partilhe conosco a convivência, nos mesmos época e local.  É outra identidade, com outro conteúdo; outros anseios, não necessariamente iguais aos nossos.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

 

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A EMENDA E O SONETO

Na métrica assimétrica da lógica da vida, o soneto é que é da emenda, e não o contrário. Um rasgo pode ser um rasgo, mas uma tentativa de conserto, pode torna-lo ainda maior e mais visível, que expõe o que não se desejaria expor.

A emenda, sempre intensifica e ratifica todo o soneto, é isso que quero dizer .... e aqui eu não me refiro à literatura; eu falo mesmo, sobre desesperadas maneiras de se corrigir o incorrigível, onde melhor seria, que fosse deixado como está.



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O NADA DE DENTRO DO TUDO

Se o 'tudo', é tudo mesmo, deve conter o 'nada', inclusive.  O nada é a ausência de tudo, até mesmo do nada; ele em si, é a própria negação de qualquer coisa orgânica ou inorgânica, concebível ou não.  O nada é ‘um mato, sem cachorro e sem o mato’; um coelho sem cartola; um gráfico sem coordenadas e sem papel.

Como só se concebe o nada, depois de se conhecer o tudo, sem o tudo não há nada!  Impossível tirar algo do nada. Tirando tudo do ‘tudo’, resta um vazio oco e indescritível, desprovido de substância, sentimento e sem nada que o defina..

quinta-feira, 28 de julho de 2022

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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO 
'UM MUNDO GASOSO'

Nesse mundo de inadequação e inversão, vamos nos atualizando e transformando.  Já não somos mais quem éramos, mas não há tempo para nostalgia ... ou será que há? 

Na verdade, somos seres em mutação biológica e mental, social e espiritual e noutras tantas subdivisões, que quase não nos reconhecemos, ao olharmos para trás.  É cruel, a forma como essa mudança se dá, pela força de arrastamento, que a sociedade nos impõe.  Na ânsia de acompanharmos toda essa modernidade - onde o que ‘era’, agora já não ‘é’ mais, faz de nós, pessoas perseguidoras do próprio rabo.  Uma insanidade, que nos leva cada vez mais, para mais longe do que fomos. 

A mudança deve ocorrer, sempre, mas existem valores que devem ocupar os primeiros lugares na lista.  Não importa se o que fizemos até agora, o fizemos do jeito errado, porque não existe uma única forma de se fazer as coisas.  Trago para nós a responsabilidade, sobre qual espécie de ‘ser’ que estamos nos tornando - humanos? ... desumanos?  Essa urgência toda, de atualização, está nos levando de fato à evolução?

A inadequação é fato, a insatisfação também.  A cada nova informação, uma maneira ‘correta’ de se fazer as coisas, invalidando nosso aprendizado; parecendo até que o mundo é feito apenas de gases, de suposições, voláteis e substituíveis.  A todo instante, surgem novas formas de ‘se fazer’, que uma vez surgidas, têm prazo de validade muito curto e se autodestroem, muito mais rapidamente, do que conseguimos acompanhar.

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    QUE ...




Que los vientos lleven las hojas, pero dejen intactas las raíces. Que el tiempo me quite las certezas, pero que quede la esperanza de nuevas oportunidades. Que la vida me muestre sus alternancias, sin disminuir mi coraje, para atreverme en nuevos intentos.



sábado, 23 de julho de 2022

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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO 
O ABISMO INDESEJÁVEL

Quando eu falo, é inevitável que eu diga coisas sobre mim, do conteúdo que juntei durante os anos de minha vida.  Posso colocar de forma explícita, uma opinião sobre determinado assunto; sobretudo estarei passando um atestado, de ‘a quantas anda’ meu nível de entendimento e aceitação, a respeito do assunto em si.  Da mesma forma, meu posicionamento, mesmo que de um jeito velado, pode expor uma limitação minha.  Uma posição radical ou explosiva, pode indicar um medo na raiz.  Tudo o que falo, falo sobre mim, em primeiro lugar.

Quando eu ouço, eu escuto com o mesmo arsenal que acumulei até então.  Se levo para o lado pessoal ou se abro meus ouvidos de forma neutra, para o que está sendo dito, também estarei demonstrando a amplitude da minha capacidade de entendimento ou a sua precariedade.

Quando eu vejo, também leio o que me é mostrado, de acordo com o meu histórico de vida, uma leitura particular que faço, do mundo à minha volta, segundo as minhas experiências.

Na vida de relação, a comunicação na maioria das vezes é cheia de ruídos, porque o que é falado precisa ser decodificado pelo outro e convertido em mensagem com sentido e significado, dentro de todo o seu conhecimento.  Para que a mensagem possa ser entregue com exatidão, existe um processo complexo a ser executado. 

O ‘que é falado’ e o ‘que é entendido’ podem ser coisas distintas e quanto maior a distância, entre um e outro, mais difícil e improvável será a compreensão.



terça-feira, 19 de julho de 2022

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BEM GUARDADO 

A palavra mesmo, eu não disse.  Teve alguns atos falhos, que tentaram driblar a minha falta de coragem ... mas dizer de verdade, com as devidas letras, bem redondas - que a definiriam e a explicariam, de uma vez por todas - eu nunca falei; pela determinação de não a dizer.  Posso até, ter me traído, em algum momento, com um gesto ou olhar denunciador, mas trago um orgulho de nunca tê-la dito, embora não haja motivo para me orgulhar.

Em algumas ocasiões, ela, a palavra, transitou entre o peito e a boca, doida de aparecer em campo aberto, sem medo de ser feliz; mas eu a engoli, a tempo ... noutras, se perdeu em algum ponto, dividida entre a razão e o sentimento, o que vem a ser quase a mesma coisa.

Eu arrisco dizer, que ela é um daqueles segredos guardados com cuidado, que vem às vezes, até a ponta da língua e logo em seguida, eu o faço voltar para o lugar de onde saiu, mudo e de cabeça baixa.

domingo, 17 de julho de 2022

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AS GRANDES E AS BAIXAS ÁGUAS


Marés e ventos não esperam, elas sobem, eles impulsionam, elas recuam, eles cessam.  Tanto as águas quanto os ares têm sua hora.

Do castelo de proa, é preciso observar, para antever as tempestades e as águas furiosas do mar alto; os bancos de areia e os perigos das águas rasas.  Se o enfrentamento for inevitável, que não nos pegue desprevenidos.

‘Proa boa e ventos de leste’ ... é o que se espera, sobretudo quando se quer ir para o oeste, com uma viagem tranquila.


 

Castelo de proa, modernamente designado como Convés do castelo é um termo náutico que identifica a estrutura acima do convés principal localizada na parte extrema, à frente de um navio. Wikipédia

Ventos alísios são os ventos predominantes permanentes, que sopram de leste para oeste na região equatorial da Terra. Wikipédia

sábado, 16 de julho de 2022

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DISSONÂNCIA

Confiança não divide cama com desrespeito,

alegria não partilha teto com egoísmo.

A cama fica fria, a tristeza aperta o peito

e o riso entra para o ostracismo.

Claridade não areja casa fechada,

a vida se enche de atmosfera pesada.

A esperança perde seu argumento,

o amor não sobrevive sem alimento.

As mãos não se juntam mais

... já são outros, os ideais.



terça-feira, 12 de julho de 2022

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COMO LEITE E VELA

Eu me dei todo, pelos lugares que passei.  Como leite quente, que uma hora se derrama, sobre o fogão limpo ... e como uma vela interminável, acaba por se consumir, um dia ... eu me derramei e me consumi por completo.

Quis iluminar os lugares por onde passei, mas acabei projetando muito mais sombra, do que claridade.   Isto não me serve como justificativa, mas eu ignorei o fato, de que entre a fonte de luz e o chão, houvesse um céu com tantas nuvens.



segunda-feira, 4 de julho de 2022

 1514




UMA OUTRA ESTÓRIA

Fiz tudo o que pude, dei tudo o que tinha de recursos.  Dei do bolso; acolhi, tanto quanto meu coração permitiu; abracei o que meus braços conseguiram; fui até onde minhas pernas aguentaram; compreendi dentro do meu entendimento, estendido para caber mais.  Fiz por merecer, a leveza de consciência que carrego, por ter me dado ao máximo.  Já, quanto à ineficácia das minhas atitudes e à tristeza pelos resultados, que me mastigam ... ah! ... isso é uma outra estória!

Tive sempre, a melhor das intenções, mas como dizem, que ‘de boas intenções também se enche o inferno’ ... aprendi que não é preciso morrer, para ter as penas do rabo chamuscadas.

sábado, 2 de julho de 2022

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CASO, ACASO 

Nada é mais nostálgico, do que me lembrar de um grande desejo, que quase aconteceu.  Essa lembrança é reticências que coloquei entre parênteses, onde cabe toda uma narrativa criativa, contada por mim, para mim mesmo - de muitas sensações e sentimentos.  É o meu pensamento, que continua por conta própria, na tentativa de preencher o que faltou.

Nessa lacuna da história - que está longe de ser um vazio - existe um mundo de coisas não vividas, de fato ..., mas sentidas.  A linguagem tem um monossílabo capaz de representar esse ‘pedaço’, mas se sabe que na realidade ele não existe, por não se aplicar às coisas não realizadas, para se tornarem reais. 

O ‘se retroativo’, na linha dos acontecimentos é inconcebível, porque não faz realizar nem um mínimo desejo a mais, com seu uso.  Essa palavra está aí, só para nos dar uma falsa esperança e nos levar a um arrependimento tardio ... do que poderíamos ter feito, dito ou não feito e não dito, quando na verdade, o que está feito ou dito, não pode ser refeito ou desfeito, nem desdito.



sexta-feira, 1 de julho de 2022

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NIÑA Y MUJER

La niña que fui, llora el pasado, sentada en la acera. La mujer que soy, llora el presente, siguiendo el camino. A veces vuelvo al pasado, al mismo punto, a sentarme a llorar con ella y luego lloramos por el futuro.