sexta-feira, 29 de abril de 2022

 

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SENDERO SOMBRIO





O sentimento foi plantinha, que cresceu agarradinha com a esperança.  Sem saber onde crescia, só sabia que sentia!  Ao vento leve, agradecia; a chuva forte, pra ela era sorte.  Ao nascer do dia, o sol batia de esgueio, por entre as ramas maiores, acertava-lhe as folhas em cheio e alimentava sua alegria.  À noite, no silêncio e no frescor, usava um artifício: ficava quietinha, sem se mexer e aproveitava, pra descansar do trabalho de crescer, pois queria, um dia florescer.

Fizeram-na crer, que crescia, em solo que não deveria.  Enquanto descansava, da árdua tarefa de subir, ela também pensava: 'desde quando uma semente não deve aninhar-se num chão?'  ...  e ela mesma respondia:  'só se esse chão, lhe negar alimento!'  ... definitivamente, esse não era o seu caso.  Não foi num vaso que ela crescera, foi num coração que a recebera e além do mais; o chão de um coração, só deve pertencer ao dono do próprio coração, a ninguém mais.  

Negar vida a um sentimento tão sincero, é 'sendero sombrio'.  Ignorar a evidência, de que um coração tem muitas formas de amar, é no mínimo, esperar dele um comportamento inumano, é sinal de grossa incoerência, quando não se leva em conta a extensão de seus limites.


de esgueio - torto, em diagonal

sendero - caminho, trilha

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