1415
O PESO DO FARDO
Quando é preciso, não tenho orgulho - eu bato tambor
ou envio sinais de fumaça. Eu grito, eu
choro, eu peço, eu escrevo; porque a vida é demais de ousada e sempre
surpreende com coisas antes não pensadas.
Ela esfria o tempo de uma hora para outra e nos pega de calças curtas,
sem agasalho ou teto; quer comer, quando não há nada sobre a mesa; exige
rapidez, quando o medo paralisa. Nos
momentos de crise, um pano escuro e frio parece cair sobre mim, privando-me temporariamente, da visão e coragem.
Nessas horas ela é pesada demais, para dar conta sozinha e no silêncio. Não que o fardo que é meu,
possa ser carregado por outro, isso não; porque está aí, algo individual e intransferível;
mas o que pode ser partilhado é a minha incerteza, na maneira de como carrega-lo,
com um pouco mais de leveza, entendimento e acerto. Nisso,
bons ouvidos e boas palavras podem me ajudar a achar o caminho e a força. Às vezes, as boas palavras nem são necessárias,
mas os ouvidos? ... ah! ... esses são imprescindíveis – eles me ouvem, e
enquanto falo, escuto a mim mesma, e mesmo que não existam palavras a
serem ditas, essa atenção me dá a chance de entender um pouco melhor o que
se passa comigo – ganho tempo para colocar as ideias em ordem, oxigenar o cérebro e acalmar o coração. O fardo permanecerá o mesmo, mas o seu peso estará um tantinho diminuido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário