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À FLOR DOS OLHOS
Diante do mar, aprecio os batimentos cardíacos da mãe natureza. Bate uma vez à noite e a maré sobe, bate outra na manhã e o mar recua. Certamente, o coração da terra se encontra nas entranhas do mar, igualmente como acontece com seu ventre, bem guardados.
Penso nas criaturas que povoam céus, terra e mares e o que posso crer, é que sou da espécie mais priviligiada da criação. Talvez, pertencente a única, com consciência e percepção de sua beleza e grandeza; e até onde se sabe, a única capaz de modificar o objeto, através de um olhar.
As rochas nos dão seus minerais, tão necessários à nossa composição física, os vegetais nos alimentam e enfeitam nossas vidas, outros nos oferecem de bom grado, suas sombras frescas e prazerosas. Sem contar os perfumes e sabores de suas flores e frutos.
As borboletas, flores dançarinas, que povoam os ares e pairam sobre as flores da terra, presas ao chão, nos ensinam o milagre da renovação: que à medida que se aperfeiçoa o corpo, a cada transformação, aprimora-se o espírito. Os demais insetos, à serviço da vida, como todos os outros seres, vão executando com maestria seus propósitos de vida: as abelhas, as aranhas, os tatus-bola que livram o solo dos metais pesados, as minhocas que o fertilizam - são as criaturinhas anônimas que sustentam a vida.
Os animais domésticos são nossos protetores, que por amor chamam para si doenças que deveriam ser nossas, preenchem nosso vazio e nem se dão conta de que sugam a energia ruim, que permeia o ambiente. Os animais detestados por nós, por mais asquerosos - como os roedores e os urubus, por exemplo - nos livram da sujeira que nós mesmos causamos, com nossa irresponsabilida de consumo frenético e pensamento descuidado; eles se encarregam da limpeza do nosso planeta. Os pássaros, com graça e exuberância, personificam a verdadeira liberdade e alegria.
As baleias cantam e nos encantam, com os sons que emitem debaixo das águas, mantendo os oceanos, na frequência correta para a preservação e continuidade da vida, dentro e fora deles. Os golfinhos por telepatia e por interação, nos ensinam que é possível mantermos a consciência de unidade, apesar da multidiversidade de espécies. Pela vibração sonora que emitem, conseguem acessar e acordar algo que ficou esquecido dentro do ser humano. Todos os animais nos trazem de volta ao ponto, de que tudo está interligado, de que na criação, tudo tem sua utilidade - um grão de areia, uma semente, um micro organismo, têm mais em comum do que podemos supor.
Diante do mar, posso ouvir o som das árvores nas matas, como alvéolos do grande e vigoroso pulmão da mãe natureza, reciclando o gás que nos é nocivo, em precioso oxigênio. Ouço também o barulho das minhas células, vibrantes em harmonia e perfeita multiplicação.
Outros seres, aos quais não conhecemos, também participam dessa obra magnífica, executando a mais linda sinfonia - a sinfonia da vida. À frente de tanta majestade, é impossível que os meus olhos não vertam sinais de reconhecimento e gratidão, por poder fazer parte dessa orquestra de incontáveis músicos mais os seus respectivos e inumeráveis instrumentos. A emoção à flor da pele, sobe aos olhos e derrama-se em lágrimas, tão salgadas quanto a água do mar.
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