domingo, 31 de outubro de 2021

1418

DE TODAS AS FORMAS




É como a majestade da natureza se manifesta.  Na gota que cai sobre a superfície calma do lago, e forma uma coroa perfeita.  No arco luminoso e colorido, desenhado sobre as goticulas de chuva, quando a luz do sol as atravessa, em espetáculo visível.  Um por do sol, é apreciado com grande prazer; uma leve brisa, enquanto roça e acaricia a nossa pele, traz ao nosso olfato, um suave perfume, que tentamos reconhecer.  São dádivas incondicionais, dadas a nós, por misericórdia ou compaixão, quem sabe - por essas duas razões acumuladas.

À tempestade e à fúria dos ventos, todos se rendem - os animais, os homens, todos silenciam e se aquietam - até nisso há majestade!  As paisagens, tão diversificadas! ... sempre haverá uma, que ainda nunca vimos!  O que dizer dos sabores? ... são tantos, que talvez nem conheçamos todos!   

O riso despretencioso das crianças soa como um alívio às preocupações e como música, aos nossos ouvidos - porque é capaz de iluminar algum recanto escuro dentro de nós.  Um pedacinho de felicidade recebido, quando dois bracinhos sinceros nos envolvem o pescoço, pode remendar um buraco que trazemos desde sempre.

A entrega dos vegetais que nos alimentam, a devoção dos animais que nos acompanham; cada espécie, cada reino da criação obedece à sua partitura, na sinfonia executada por todos nós.

Quando tudo parece perdido, um caminho se delineia tímido, em meio às sombras, apontando a direção.  Com o tempo, é possível perceber, que haviam outros que se destacam à nossa frente ... e que de fato, nunca estivemos sós, sempre houve pelo menos um par de mãos amigas, engrossando nossa coragem, reiterando a nossa força. 

As sensações ... nos surpreenderão e a renovação nos atingirá, enquanto tivermos vida e consciência.  As noites, nos darão tempo para o descanso e a reflexão.  Todos os dias, a manhã nos presenteará como novas oportunidades.  O ar estará disponível aos pulmões, a vida proverá o necessário - à manutenção do nosso corpo, à lapidação do nosso espírito.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

1417

NESSE QUESITO




A boca grande diz: "uma imagem vale mais que mil palavras." *  

Essa frase defende a importâancia dos ideogramas - formas de comunicação simbólicas - representativas das ideias, que têm a capacidade de expressarem conceitos completos e complexos.  Pois a narração dos fatos pode deixar alguma lacuna, mas um recurso visual bem aplicado, explica melhor e transmite uma comunicação direta.


É inegável, que uma imagem bem colocada, sintetiza o poder da comunicação através da visão, mas aqui, eu quero discordar um pouco, a respeito dessa 'unanimidade'.  Eu escolho ficar com os possíveis ruídos de uma comunicação verbal, do que me render à condensação de um assunto, merecedor de ser esmiuçado e com necessidade de ser compreendido.

Como amante das palavras, eu não poderia me colocar de maneira difierente.  Não é preciso das mil, para expressar uma ideia; se elas forem acertivas, talvez não sejam necessárias muitas.  O certo, é que nunca abrirei mão delas, ainda que me falte a voz, porque eu não sei pensar só com imagens - eu penso com as palavras, mescladas de alguma imagem.  Não sei se são as palavras que me perseguem ou se, eu é quem não as largo - o fato é que, se um dia, realmente me faltar voz, aprenderei o sinal das mãos e as manterei fechadas - sem abrir sequer uma, para dispensar as palavras - as minhas favoritas.

Aqui, eu me permito chegar a um meio termo, pois não quero parecer intransigente, num mundo de rapidez e superficialidade.   Aqui vai a minha opinião: para certas coisas, as imagens me bastam; já para as coisas mais profundas ... eu preciso das palavras, para me ajudarem a entender do que se trata..

É inegável, que eu seja uma pessoa de 'palavras', pelo simples fato, de que sou capaz de escrever uma dissertação, a respeito de uma simples imagem que vejo.  Mais do que pipocarem na minha mente, elas pinicam a minha lingua, até que eu as fale ou escreva. Chego até a pensar, se não seria o caso, de eu usar um certo filtro, mas elas são mais rápidas do que eu.  É assim que eu funciono - e como já devem ter percebido, posso falar muito mais de mil ... é falando que eu 'me entendo' - é isso!  Nesse quesito, me considero categoria à parte, no gênero ao qual pertenço.


Essa frase é de Confúcio, filósofo chinês, cujo nome verdadeiro é  Ch'iu K'ung, conhecido como Mestre K'ung  (552 a 479 a.C.)

arte __ anne soline


domingo, 24 de outubro de 2021

1416

'AO PÉ' OU 'À CABEÇA'



É sempre verdade!  Tudo, enquanto escrevo, é verdade ... mesmo sendo criado pela minha imaginação ... dentro da minha cabeça, é sempre verdadeiro ... porque tem vida - a vida que eu dou.  Uma mentira pode virar verdade, embora eu não possa descartar a ideia, de que uma verdade, possa vir a se transformar em mentira.

Teço tramas, espirro cor e sentido no pano cru e imaculado.  As falas são eloquentes, tanto quanto o são os diálogos ou monólogos, verbalizados e sonoros.  Escrever é colorir telas em branco, com as mãos, com traços e tonalidades certos.  É também, esculpir a pedra bruta arrancada das entranhas da terra, extraindo dela as formas, soprando-lhe às narinas a vida incipiente, possibilitando sensibilidade e expressão à dureza fria original.

Às vezes, algumas coisas são verídicas e contadas ao pé da letra.  Às vezes, o que é 'verídico' sofre uma pequena alteração, para obter um certo efeito, porque quem conta sou eu ... e a minha vontade se sobrepõe à verdade.  Juntando ao conto, um ponto específico, a mais ou a menos, conto 'à cabeça da letra' (no caso, à minha cabeça) - exatamente ao contrário, do que é contar 'ao pé da letra'.

Da mesma forma que eu crio vida, através de cores e formas, cenas e falas, imagens e movimentos; estou a esculpir e lapidar, o material duro de que sou feito, recrio em mim um ser menos impefeito, a partir da matéria bruta recebida de nascença.


sábado, 23 de outubro de 2021

1415

O PESO DO FARDO



 

Quando é preciso, não tenho orgulho - eu bato tambor ou envio sinais de fumaça.  Eu grito, eu choro, eu peço, eu escrevo; porque a vida é demais de ousada e sempre surpreende com coisas antes não pensadas.  Ela esfria o tempo de uma hora para outra e nos pega de calças curtas, sem agasalho ou teto; quer comer, quando não há nada sobre a mesa; exige rapidez, quando o medo paralisa.  Nos momentos de crise, um pano escuro e frio parece cair sobre mim, privando-me temporariamente, da visão e coragem.

Nessas horas ela é pesada demais, para dar conta sozinha e no silêncio.  Não que o fardo que é meu, possa ser carregado por outro, isso não; porque está aí, algo individual e intransferível; mas o que pode ser partilhado é a minha incerteza, na maneira de como carrega-lo, com um pouco mais de leveza, entendimento e acerto.   Nisso, bons ouvidos e boas palavras podem me ajudar a achar o caminho e a força.  Às vezes, as boas palavras nem são necessárias, mas os ouvidos? ... ah! ... esses são imprescindíveis – eles me ouvem, e enquanto falo, escuto a mim mesma, e mesmo que não existam palavras a serem ditas, essa atenção me dá a chance de entender um pouco melhor o que se passa comigo – ganho tempo para colocar as ideias em ordem, oxigenar o cérebro e acalmar o coração.  O fardo permanecerá o mesmo, mas o seu peso estará um tantinho diminuido.


quinta-feira, 21 de outubro de 2021

1414

À FLOR DOS OLHOS




Diante do mar, aprecio os batimentos cardíacos da mãe natureza.  Bate uma vez à noite e a maré sobe, bate outra na manhã e o mar recua.  Certamente, o coração da terra se encontra nas entranhas do mar, igualmente como acontece com seu ventre, bem guardados.  

Penso nas criaturas que povoam céus, terra e mares e o que posso crer, é que sou da espécie mais priviligiada da criação.  Talvez, pertencente a única, com consciência e percepção de sua beleza e grandeza; e até onde se sabe, a única capaz de modificar o objeto, através de um olhar.

As rochas nos dão seus minerais, tão necessários à nossa composição física, os vegetais nos alimentam e enfeitam nossas vidas, outros nos oferecem de bom grado, suas sombras frescas e prazerosas.  Sem contar os perfumes e sabores de suas flores e frutos. 

As borboletas, flores dançarinas, que povoam os ares e pairam sobre as flores da terra, presas ao chão, nos ensinam o milagre da renovação: que à medida que se aperfeiçoa o corpo, a cada transformação, aprimora-se o espírito.  Os demais insetos, à serviço da vida, como todos os outros seres, vão executando com maestria seus propósitos de vida: as abelhas, as aranhas, os tatus-bola que livram o solo dos metais pesados, as minhocas que o fertilizam - são as criaturinhas anônimas que sustentam a vida. 

Os animais domésticos são nossos protetores, que por amor chamam para si doenças que deveriam ser nossas, preenchem nosso vazio e nem se dão conta de que sugam a energia ruim, que permeia o ambiente.  Os animais detestados por nós, por mais asquerosos - como os roedores e os urubus, por exemplo - nos livram da sujeira que nós mesmos causamos, com nossa irresponsabilida de consumo frenético e pensamento descuidado; eles se encarregam da limpeza do nosso planeta.  Os pássaros, com graça e exuberância, personificam a verdadeira liberdade e alegria.

As baleias cantam e nos encantam, com os sons que emitem debaixo das águas, mantendo os oceanos, na frequência correta para a preservação e continuidade da vida, dentro e fora deles.  Os golfinhos por telepatia e por interação, nos ensinam que é possível mantermos a consciência de unidade, apesar da multidiversidade de espécies. Pela vibração sonora que emitem, conseguem acessar e acordar algo que ficou esquecido dentro do ser humano.  Todos os animais nos trazem de volta ao ponto, de que tudo está interligado, de que na criação, tudo tem sua utilidade - um grão de areia, uma semente, um micro organismo, têm mais em comum do que podemos supor.

Diante do mar, posso ouvir o som das árvores nas matas, como alvéolos do grande e vigoroso pulmão da mãe natureza, reciclando o gás que nos é nocivo, em precioso oxigênio.  Ouço também o barulho das minhas células, vibrantes em harmonia e perfeita multiplicação.

Outros seres, aos quais não conhecemos, também participam dessa obra magnífica, executando a mais linda sinfonia - a sinfonia da vida.  À frente de tanta majestade, é impossível que os meus olhos não vertam sinais de reconhecimento e gratidão, por poder fazer parte dessa orquestra de incontáveis músicos mais os seus respectivos e inumeráveis instrumentos.  A emoção à flor da pele, sobe aos olhos e derrama-se em lágrimas, tão salgadas quanto a água do mar.







domingo, 17 de outubro de 2021

1413

FURTA-COR




Traz à cabeça um chapéu branco, próprio para os dias de sol.  Uma faixa de renda, quase azulada, separa e coroa a junção, entre a grande aba transparente e o topo. Do lado esquerdo, espetado, vê-se o alfinete, que com uma pérola em sua ponta visível, consegue mantê-lo preso à cabeça, de maneira firme, atravessando-lhe os cabelos recolhidos debaixo dele.  Presume-se um penteado gracioso, na nuca pende um cacho mais teimoso e uma pequena mecha escapa-lhe à fronte, incomodando sua visão.  Não há como retirá-la, pois leva em uma das mãos, uma maleta dessas de tecido grosso e trama colorida; na outra carrega uma passagem de primeira classe. Seus delicados brincos, dois camaleões, duas pedras roliças, furtam as cores do ambiente, conforme a luz que se projeta sobre elas. Suas luvas são do mesmo tom de azul da faixa de renda do chapéu.    

Como sempre, vestira-se de azul, num tom mais escuro do que as luvas. São duas peças, uma saia e um tipo de casaquinho de mangas longas, do mesmo tecido, separados por um cinto bem discreto, apenas para marcar-lhe a cintura.  A gola engomada da camisa branca, sobe endurecida e esconde parte de seu pescoço, circundando-o e terminando em vê, no decote simples. O farfalhar da saia, atrapalha seus movimentos inquietos, mas nesse tempo, ninguém se dá conta disso, ninguém contesta o costume; pois calças são apenas para os homens e as mulheres aceitam essa limitação, com graça e resignação.

No ar, vapores de combustível fóssil, queimado pela locomotiva fumadora e faminta, que fungados para fora, através de narina enorme, formando uma nuvem constante e tornando bem desagradável, a atmosfera, já pesada de impaciência e expectativa.

A viagem será solitária, e é essa a razão de tanta atenção de sua parte, a partida será em breve, já  anunciada pelo primeiro apito do trem.

O destino é certo, porém a sua vontade não. Talvez devesse mesmo partir, novos caminhos a levariam a lugares diferentes e a diferentes experiências.   Sentia que partir era a forma mais fácil de escapar do que lhe parecia irresolvível.  De uma outra forma, sabia também, que sair de cena não lhe deixaria confortável, seria como se, no final das contas, lhe tivesse faltado coragem, para amarrar as pontas ainda soltas.  

Pousando a maleta no chão e antes que soasse o último apito; as mãos com luvas azuis rasgaram a passagem de primeira classe, de maneira bem determinada.  E seus olhos de cor indefinida, viram os pedaços de papel pardo se perderem ao vento.  Olhos que são azuis, quando olha para o céu ou em contato com as águas; verdes, quando está sob as árvores; adquirirem a cor do mel, ao fitarem o objeto de seu desejo; naquele momento eram cinzentos, porque se apossavam da cor do ambiente, em que ela se encontrava.


furta-cor - termo erroneamente conhecido como 'fruta-cor' - capacidade do objeto em assumir a cor do que está ao seu redor ou de como a luz se reflete sobre ele.

1412

SONHO E PÉ



A parte sonhadora construíu um castelo sobre solo não muito firme.  Alertada pela contraparte realista - a de 'pé no chão': "de que era um mau negócio, pois de tudo o que se contrói em terreno alheio, não seremos dono e nunca teremos a posse" ... a sonhadora resolveu arriscar.  Porque afinal ela queria petiscar e como 'quem não arrisca não petisca', ela seguiu em frente; além do mais, não era nenhuma ingênuazinha e sabia dos riscos que corria.  Pagou pra ver, e o preço pago foi justo e honesto.  O sentimento persiste.  Hoje, vive pelos cantos e dorme ao relento.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

 1411

SAL E LUZ




O que 'eu sou' espera por mim - que eu vá ao seu encontro, sem pressa.  Se existe alguém, que deva ter alguma urgência de chegar ao alto da montanha, sou eu!  Através da viagem mais longa e mais difícil de se fazer, aquela que se faz na direção do autoconhecimento, é quando reconhecemos as nossas limitações e descobrimos os nossos talentos.  Uma vez reconhecido o que nos limita, não há como deixar de fazer algo a respeito dos 'obstáculos', para nos capacitar em vencê-los ou minimizá-los.  Uma vez descobertos os nossos talentos, eles são candeias que se acendem, para iluminar o caminho.  E assim, me terei convertido no sal da terra e na luz do mundo.


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

 1410

ENTRE O PULSAR E O SENTIR



Um comportamento pode até enganar.  Uma 'certa palavra' pode não ser dita e em seu lugar - embora torture o desejo da vontade contrariada - caberá uma outra, a ser pronunciada.  O coração não se deixa comandar, é assim como uma criança - pura, sincera e transparente - que se achar que alguém é feio, não hesitará em dizê-lo; no entanto traz em si, uma capacidade inimaginável de amar, coisa que nenhum adulto é capaz de supor.

Trejeitos pensados, silêncios e palavras que disfarçam a real intenção, são possíveis e até aceitos como verdadeiros, porque muitas vezes convencem e agradam, pela forma como são colocados.  O coração não sabe fazer isso; eu diría que ele não chegou a esse estágio de esperteza ou especialização; e acho também que essa não seja uma falta de habilidade sua, mas a constatação de que ele não se dispõe a aprender, pois nunca foi de seu interesse - vir a falsear um sentimento genuíno.  Ele sabe que nasceu para ser infalível no seu 'pulsar' e autêntico e honesto no seu 'sentir - esse é o seu propósito.



terça-feira, 5 de outubro de 2021

1409

OUTROS HORIZONTES




Ela sonhava com o mar, sonhava em fazer parte dele.  Como pequena gota que era, junto com outras mais, suspensas, a dormirem, enquanto viajavam pelos continentes, por sobre eles, sempre obedecendo as correntes de vento.   Às vezes, não tinha vento e nem outras nuvens abaixo da sua; era durante esse tempo que ela ficava a pensar, no marasmo que deve ser, estar em mar calmo.  Sem dúvida, ela sentia esse marasmo apossar-se de si, mesmo tão acima dele, quando nenhuma rajada cortava os ares, nenhum pássaro se aventurava a ir tão alto.  Mas era seu sonho, de doce que era, queria estar dentro dele, sentindo ressecar-se com o sal que lá existe.   

Sabia muito bem, que a partir do instante em que caísse sobre o oceano e se de fato caísse, não seria mais doce e perderia sua identidade.  O sal e o anonimato fariam com que se fundisse, àquele volume colossal de águas; sabia também que debaixo do marasmo aparente da superfície, alcançaria muito mais vida, do que estando lá em cima, a depender dos ventos.  No mar há ventos também, era certo.  No mar há muitas outras criaturas, que desejosa de conhecer, mal se continha na expectativa de precipitar-se sobre ele, para poder sondar-lhe as regiões abissais, e mesmo que fosse sem consciência de si mesma, estaria a desvendar outros horizontes, diferentes daquele que ela estava cansada de ver.  Por isso, ela ficava sempre na pontinha da nuvem, na parte debaixo dela, esperando uma oportunidade de saltar, assim que fosse espremida pelas outras gotas ou empurrada por um vento mais frio.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

1408
SOBERANO



Apesar de tudo, ele é concreto e 'pra valer'.  A despeito de todas as vezes, em que a razão convenceu, com suas argumentações de inviabilidade - o sentimento, embora ouça e veja - teimou em se fazer de surdo e mudo a todas elas, debochando da lógica e contrariando as evidências. De resistência feroz; tal teimosia seria louvável, não fosse a extrema insanidade e o absurdo, com que se alimenta e se reinventa; de seguir, sabida e teimosamente, batendo na mesma tecla, insistindo com o inadequado e o irrealizável.  Nada disso o afetou, não o fez menos forte, nem o fez mais esperto; e brigando pelo seu direito de existir, fez suas próprias regras, forjou suas próprias bases de sustentação.  Sem dúvida, é um soberano sem reino, sem trono para assentar-se, segurando com as duas mãos, a coroa sobre sua cabeça.