sábado, 7 de agosto de 2021

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AO TEMPO E VEZ




As flores que emolduram o caminho, que meus pés, hoje pisam, não foram semeadas por mim.  Alguém que veio antes, se deu ao trabalho de depositar sementes na terra fofa e durante o curto tempo de sua passagem, proporcionou a elas, água e luz, para que pudessem florir.  Num exemplo de despreendimento, cultivou-as e seguiu em frente.  Talvez, não tenha visto, seus pequenos botões despontarem e certamente, não as viu desabrochar, no entanto não se negou à ideia da semeadura.  O máximo que eu fiz, foi tentar preservá-las, durante o meu transcurso, ao invés de tê-las pisado.   A existência das flores, sempre garante a presença de abelhas, borboletas, pássaros, perfumes, alimento e mais vida.

A meu próprio tempo, esforcei-me e ainda me esforço, em esconder algumas outras sementes, na terra que eu mesma afofo, às margens do caminho, dando-lhes condições de irromperem em direção à luz.  Talvez elas brotem, algumas não nascerão, mas fiz e faço a minha parte, como um sinal singelo de gratidão pelo que recebi.  Espero deixar um pouco de mim, numa mensagem de alegria e esperança, e em vez de iluminar o breve tracejo que deixo para trás, escolhi fazer a minha semeadura, para que o milagre do florescimento aconteça e venha alegrar outros olhos, que virão e verão as flores germinadas, ao longo de sua viagem, no seu tempo e vez.


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