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LIBERTAÇÃO
Do mergulho involuntário em teus olhos, não voltei ilesa. Algo de mim se perdeu, no profundo vácuo que minha constituição, como um ser inteiro, atravessou. Foi como, se dispersadas as partes, que me eram reconhecidamente, intrínsecas à minha essência; juntaram-se outras, por atração. Flutuando, naquela substância cariciosa e aquecida, que parecia conter todos os elementos do universo, todos os segredos desconhecidos, todos os motivos; uma transformação se deu em minhas moléculas e a minha maneira de sentir e ser, nunca mais foi a mesma.
Eu conhecera o paraíso. À medida que ele se desdobrava, à minha frente, ao meu redor, também deixava bem claro, que alí eu não poderia permanecer e então fui expulsa, com o conhecimento que vislumbrei, com a esperança que se apossou de mim. Minhas asas - voei muito perto do sol e as queimei ou desci muito ao fundo, inutilizando-as.
Saí assim, se é que saí (!) ... Acrescida de você, menos outras partes minhas, abandonadas - pequenos pedaços, já dispensáveis e sem significado. Mas por que será, que a ideia de incompletude, ainda me persegue? A nostalgia se mescla com o contentamento e a descoberta mostrou-me uma parte da grande verdade, sobre mim mesma, que se nega, uma vez revelada e emancipada, em retornar ao ostracismo, do qual se libertou. À perola, é impossível, o retorno à casca, depois desta aberta.
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