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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
SANGUE E RAZÃO
Os diálogos imaginários são as saídas, que encontramos, para contestação de um passado que nos desagradou ou para determinar, no futuro - um entendimento que gostaríamos que acontecesse. Uma resposta não dada a tempo (um complemento que na hora 'não nos ocorreu') ou uma 'pequena mudança' de palavras, que poderia ter feito toda a diferença, sempre fica, na ponta da língua. Da mesma forma, que fica a vontade de ter falado algo pertinente, que escolhemos por bem, não falar e do qual nos arrependemos, de ter guardado só para nós.
Na hora que o sangue esfria e o racional tem tempo suficiente, para processar o que se passou de fato, a lucidez desperta, a visão se aclara e o bom senso retorna. É quando, conseguimos pensar com mais coerência e justiça, quando nos será possível, contabilizarmos o tamanho do estrago.
Esses diálogos refeitos, são a tentativa de nos sentirmos menos mal, uma tentativa tardia e equivocada, de se resolver o que ficou mal resolvido ou amarrarmos as pontas deixadas soltas. Embora no momento crucial, tenhamos guardado silêncio, o diálogo interno é contínuo, quando as coisas não saem a contento - a sensação é de que estamos tentando colocar um país dentro do espaço de uma só cidade.
No caso dos diálogos feitos em tempo futuro, a parte racional, dá lugar à imaginação e os devaneios tomam conta da nossa linha de raciocínio, na sequência, vem a possibilidade, de darmos conta da nossa incrível criatividade, dentro da plasticidade das ideias. Dessa forma estaremos tendo sensações fictícias, que talvez, nunca sentiremos de fato, gerando frustração certa.
O sangue esquenta mais rápido, do que a razão é capaz de responder a qualquer provocação. A razão geralmente, responde com mais propriedade, enquanto que o descontrole, toma a dianteira por uma questão de tempo de reposta. A longo prazo, a repetição destes excessos, pode nos levar a consequências imprevisíveis ao nosso organismo. E mais um detalhe, cada vez que se recorda do instante desagradável, as mesmas emoções afloram em nossa pele.
Nos dois casos, reformulando os diálogos antigos ou tentando dar forma aos novos, estamos sobrexcitando nosso sistema nervoso, tirando o foco do presente e praticando um enorme desperdício de forças, as nossas - um crime desumano, cometido contra nós mesmos - contra a nossa sanidade e bem estar.
23/04/21
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