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UM OLHAR SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
SUJEITO, VERBO | MENSAGEM, EVOLUÇÃO
Não somos pugilistas, mas às vezes gostaríamos de dar um soco, bem certeiro, na cara de alguém ... ou então, uma voadora no peito alheio - arregaçar mesmo, para ser mais explícito.
Salvo algumas exceções, os verbos são todos autoexplicativos, ou seja, não precisariam ser rasgados, para serem entendidos, pois a língua portuguesa é riquíssima, na quantidade e na qualidade de seus termos.
Voltando a falar de 'verbos', na verdade, não há nada de errado com eles, são o que são, cada um faz, o que diz fazer. O problema está com quem os usa e com quem os entende, ou não entende.
Mas que dá vontade de rasgar um 'verbinho', de vez em quando, ah se dá; isso porque, é inviável e ilícito rasgarmos o sujeito, porque sempre há consequências para atos extremos.
Geralmente, quando fazemos isso ... 'rasgar o verbo' ... fazemos muito mais, acrescentamos um complemento bem categórico e cáustico, dirigido ao interlocutor, mesmo que este complemento, seja feito internamente, dentro da nossa cabeça, sem ser verbalizado. Dependendo do grau de ferocidade do verbo, nós vamos juntar complementos mais e mais contundentes.
Sem perceber, que quando rasgamos o verbo - propriamente dito ... rasgamos muito mais do que isso. Quebramos o sujeito em pedacinhos indigestos, deixando a sua imagem, imprestável. Rasgamos a integridade da nossa serenidade e por fim, nos quebramos também. Um soco dado, mesmo que na nossa imaginação, é um soco dado energeticamente, e seu retorno energético é certo, embora o ato não tenha se concretizado. É apenas uma questão de tempo, até sermos invadidos pelo arrependimento causado, pelos desdobramentos do nosso descontrole.
Muito se fala, sobre a 'comunicação não violenta' - 'a linguagem do não conflito', útil em todas as áreas da vida. Uma comunicação limpa, não é uma coisa fácil de se obter, sempre existem alguns ruídos, que podem dificultá-la.
Lembrando que, cada um fala, da forma que lhe é possível. Cada um ouve o que lhe é dito, da maneira que seu entendimento lhe permite. Nem sempre, ou raramente, o que se fala, é exato o que se quer falar. Nem sempre, o que se ouve, é o que realmente foi dito, o que é mais raro ainda.
Falar, calar, ouvir, não ouvir ... são ações fáceis, apenas no significado da palavra em si. Executar uma comunicação autêntica e empática, é muito mais complicado do que se imagina. Como seres reativos que somos, é exercício para todas as horas e lugares - exige de nós um aprendizado atento, com base nos erros/acertos que obtemos nas nossas relações. Entre o que dá certo e o que não dá, o desrespeito é sempre o primeiro empecilho para o sucesso da comunicação.
Falar é colocar o emaranhado que guardamos dentro de nós (em emoção e intenção), de uma forma inteligível e clara - explanada numa linha de raciocínio conciso, para que possa ser entendido. Ouvir, é tentar enrolar, de forma ordenada, dentro do seu próprio sentido particular, aquilo que lhe foi veiculado. Um novelo de ideias, às vezes confuso, devido a emoção do momento, nem sempre consegue dar origem à comunicação limpa. A capacidade de recepção de quem ouve, também interfere na qualidade da mensagem recebida.
O tempo de resposta de nosso cérebro primitivo é muito mais curto, do que o do nosso cérebro racional. O cérebro reptiliano nos proporcionou que chegássemos até aqui, a evolução se deu e deve ter continuidade.
O próximo passo, é fortalecer nosso cérebro racional, capacitando-o para tomar decisões mais razoáveis. De início, talvez ele necessite um pouco mais de tempo, para se acostumar, a tomar a dianteira, frente às decisões urgentes, que envolvem as emoções fortes e as grandes expectativas das duas partes. Com o decorrer desse exercício, nas várias repetições, ele se tornará mais confiante e muito mais alerta, porque é assim que se dá a nossa evolução.
17/04/21