783 __ DE ILUSÃO __ 25/09/18
arte | rafal olbinski |
Também se vive. Temporariamente.
Porque a ilusão é a corporificação do nosso desejo, feita de vontade e de esperança, de que um dia ele se realize. Enquanto houver ilusão, haverá desejo de vida.
Mas passando o tempo, se a forma que tentamos plasmar, acaba por não se consolidar, não há vontade ou esperança, capaz de manter a ilusão como coabitante nos nossos planos.
Tem uma hora em que, por falta de vontade ou de esperança, o nosso desejo, que deu vida a tudo, acaba e não há mais por que conservar a ilusão. Ou seria, pela morte do próprio desejo, por cansaço, ou por ele ter recuperado a razão, que isso se dê?
Por algum tempo, ainda fica um gosto amargo de desilusão - um derivado da dor física - e que parece ter nos amputado um membro. E nos sentimos capengas, sem que nada justifique essa nossa deficiência, porque enfim ela é emocional.
É inevitável, que depois desse tempo - variável a cada caso e pessoa - a dor desapareça, deixando um buraco (mais uma lacuna que buraco), que nem sempre desejamos preencher.
Andamos por aí, sem saber como, estranhamos o fato de ainda andarmos, embora nos falte um membro.
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