Paulo Crespolini - Psicólogo e Pesquisador.
O VAZIO INTERIOR
Nada nem ninguém preencherá o vazio que sentimos lá na fundura da alma, exceto nós mesmos. Esse vazio precisava ser preenchido na infância, mas é possível que tenha se transformado em uma terrível experiência de abandono, de negligência ou de indiferença.
Não raras vezes, os que foram abandonados por um dos pais acabam buscando esse ‘pai perdido’ ou, então, essa ‘mãe idealizada’, em relacionamentos dependentes, onde o amor-próprio jaz sepultado. Alguns “[...] se engajam em relacionamentos amorosos que parecem ter a função de preencher as lacunas afetivas deixadas pelos pais ausentes.
Desse modo, […] parecem depositar nos parceiros amorosos todas as frustrações e expectativas de resgate do abandono imposto [...] na infância (LIMA, 2012, p. 822). Supõe- se por detrás de dependência amorosa, da carência afetiva, da idealização desmedida e da submissão permanente estejam tentativas utilizadas para impedir o retorno do abandono.
Convictos ficamos de que aquela pessoa veio para acabar, de uma vez por todas, com o nosso vazio. Logo, temos que aceitar tudo, nos sujeitar por demais e viver agradando, pois, do contrário, seremos abandonados novamente, tal como ocorreu em tempos passados, por quem deveria ter cuidado de nós e não cuidou, deveria ter nos protegido e nos desamparou, deveria ter ficado conosco e foi-se embora.
Enquanto não cicatrizarmos a ferida provocada pelo vazio tenderemos a uma busca desesperada por alguém que poderá curá-la e nos esqueceremos de que esse curador já habita dentro de nós. Um curador ferido!
O VAZIO INTERIOR
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