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FENDAS DE TODOS OS TAMANHOS
Todos nós trazemos fendas não visíveis. Rachaduras profundas, outras menos. Por elas entra ou sai a tristeza; entra bem menos do que ‘aquilo que precisamos’, e talvez por serem tão fundas, dificilmente ficarão cheias. Mas só nos damos conta de suas existências, quando elas direcionam as nossas escolhas, para caminhos que se revelam tortuosos - miramos no que vemos e acertamos no que não queríamos - é essa a dinâmica do olhar adoentado que temos. E a cada escolha desacertada, somos forçados a ‘revermos’ a blindagem que nos reveste, de descobrirmos o porquê, de nos deixarmos apoderar por sentimentos e emoções alheios e sermos sequestrados dos nossos verdadeiros sentimentos. Vivendo numa miscelânea de sensações confusas, nos vemos obrigados a ‘degustar’ uma salada desagradável ao paladar e indigesta.
Como seres fragmentados, andamos por aí, com feridas a céu aberto, expostos a todo tipo de contaminação, a todo tipo de invasão, deixando sair o que é bom, sujeitos às doenças da alma. Tanto quanto, as fendas da geologia podem causar terremotos e explosões; essas fendas que existem em nós, também podem desencadear choques internos, convulsões emocionais e implosões.