1700
AO FINAL
É inútil esperar que as paredes respondam a contento, às perguntas que lhes faço. Elas transpiram sentimentos, reavivam imagens guardadas e as decodificam, da maneira que podem. Usam de uma espécie de mímica, em vez de palavras, porque não sabem falar. As suas lembranças mais as minhas, quase que conseguem re_montar a trama inteira, e o que falta(?) é complementado pelos objetos. Ao final, não me revelam nada que eu já não saiba.
Nem mil demãos de tinta forte podem cobrir o cheiro que exalam. Nenhuma cor ou textura apaga as imagens nelas grudadas. Nem o tempo, nem o esquecimento os faz desaparecer. E ainda que esquecidos, ficariam na memória, impregnados à estrutura física, como fantasmas emparedados.
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