segunda-feira, 26 de maio de 2025

1700





AO FINAL


É inútil esperar que as paredes respondam a contento, às perguntas que lhes faço.  Elas transpiram sentimentos, reavivam imagens guardadas e as decodificam, da maneira que podem.  Usam de uma espécie de mímica, em vez de palavras, porque não sabem falar.  As suas lembranças mais as minhas, quase que conseguem re_montar a trama inteira, e o que falta(?) é complementado pelos objetos.  Ao final, não me revelam nada que eu já não saiba.


Nem mil demãos de tinta forte podem cobrir o cheiro que exalam.  Nenhuma cor ou textura apaga as imagens nelas grudadas.  Nem o tempo, nem o esquecimento os faz desaparecer.  E ainda que esquecidos, ficariam na memória, impregnados à estrutura física, como fantasmas emparedados.




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