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DÓ
Todos as terminações
nervosas parecem ter migrado para lá; todo o sangue do corpo afluiu para a
mesma região; sinto o latejo de um coração, que mudou de lugar. Febre e desconforto, instalados e
sobrepostos, no local que dói.
É assim, com
relação à dor, e de forma idêntica - uma preocupação latejante, que me lembra insistente
de sua urgência, também não cede. Embora eu tivesse resolvido me dar uma trégua
e ter buscado um pouco paz - por não ter chegado à conclusão alguma - ela não
sossega, enquanto não me recorda da sua existência.
Diga, se não
acontece o mesmo com a dor? Apesar da
decisão de suportá-la, ela fica batendo na tecla ‘dó’, o tempo todo, fazendo um barulho nevrálgico de fundo – uma musiquinha enjoada dentro da cabeça, não me
deixando esquecê-la, nem se esquecendo de mim.
arte | marcin piwowarski
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