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O SANGUE DA TERRA
Uma forte onda avança sobre a praia das minhas emoções. Na sua ferocidade, invade-me com a esperança
de renovação e remexe as certezas fincadas, na faixa de areia. Ao recuar, leva consigo algumas, e deixa para
trás, outras tombadas, com as raízes de fora; talvez para que sejam replantadas
em solo mais firme.
Como pulsa o meu coração, assim bate o coração da Terra. Guardado no centro e impulsionador das marés, suas águas salgadas avançam e recuam. Pulsações obedientes, cada uma à sua cadência, a minha com maior frequência que a dele.
O sangue arterial
irriga todas as células, com hormônios de vida, alegria e de uma certa forma estranha
e mágica, deixa nelas alguma esperança, não a retira de todo, apesar da maré
venosa, vir e levar os resíduos ruins para longe, deixa o que é bom.
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