ELA PRÓPRIA
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Imerso num oceano de dor, eu sou a própria.
Submerso na imensidão azul e verde, a única coisa de que me lembro é da cor do sangue venoso, parado nas veias, porque o ar velho não consegue sair do peito. O mesmo ar que deu vida, agora carrega a morte, não permite que mais vida, entre.
Quanto mais fundo desço, mais frias ficam as águas. Eu me recordo meio consciente, meio sonolento, dos doces momentos, das literais tábuas de salvação, que nessa fundura onde estou, não existem. Quer explodir no peito a máquina que não foi feita para funcionar nesse lugar.
Num esforço excepcional, maior do que eu, impulsiono minha cauda imaginária e invisível, para subir à superfície e me fazer visível à possibilidade de ajuda - a que me é possível. Enquanto ela não chega, estarei a acenar com as mãos - a minha localização.
As tábuas não salvam, diretamente - elas nos mantém na superfície de uma situação, até que o verdadeiro socorro aconteça.
A cavalaria não virá, nem a turma do resgate, o meu salvamento será segundo as forças de meus próprios braços e pernas!
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