terça-feira, 30 de janeiro de 2018



ELA PRÓPRIA
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Imerso num oceano de dor, eu sou a própria.
Submerso na imensidão azul e verde, a única coisa de que me lembro é da cor do sangue venoso, parado nas veias, porque o ar velho não consegue sair do peito.  O mesmo ar que deu vida, agora carrega a morte, não permite que mais vida, entre.

Quanto mais fundo desço, mais frias ficam as águas.  Eu me recordo meio consciente, meio sonolento, dos doces momentos, das literais tábuas de salvação, que nessa fundura onde estou, não existem.  Quer explodir no peito a máquina que não foi feita para funcionar nesse lugar.

Num esforço excepcional, maior do que eu, impulsiono minha cauda imaginária e invisível, para subir à superfície e me fazer visível à possibilidade de ajuda - a que me é possível.  Enquanto ela não chega, estarei a acenar com as mãos - a minha localização.

As tábuas não salvam, diretamente - elas nos mantém na superfície de uma situação, até que o verdadeiro socorro aconteça.

A cavalaria não virá, nem a turma do resgate, o meu salvamento será segundo as forças de meus próprios braços e pernas!



RE_EDIÇÃO
Uma pá de cal
29/1/17






Sempre achei que a cal, servia pra dissolver e fazer sumir um cadáver, mas ela só retira o cheiro ruim que dele exala, enquanto este apodrece.

Eu pensei, que pudesse extinguir um sofrimento, por completo, despejando sobre ele, uma 'pá de cal'.  E apesar disso, agora sei, que ele - o sofrimento, permanecerá deteriorando os tecidos - existindo - embora imperceptível ao olfato humano.

Isso é bem interessante, vem bem a calhar, deixar a podridão acontecer, quieta - enquanto os vermes fazem o seu trabalho.  Putrefação livre de odores!  Porque ninguém gosta de sentir maus cheiros, não é?


RE_EDIÇÃO
Paradeiro
29/1/17







Onde se esconde ...
a lição não apreendida?
Anda por onde?
Na estante, no livro não lido?
Na pele, adoece em crescimento não concedido!
Ambos - cheios de fungo e  poeira!
No espaço, vagueia - é vivência esquecida 
... e a ferro e fogo - mantida!
Estará no inferno,  junto com a abortadeira!

O que é? ...  O que significa pra vida?
Um fruto, um feto sem chances?
Um futuro negado, talvez por crendices?
Decerto, no tempo - uma oportunidade perdida!

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018



O POETA E A HISTORIETA
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O olho do poeta
aponta uma seta
pra o que lhe afeta.

Quase uma lingueta
que carrega na maleta
de sua bicicleta
escancara uma janela indiscreta.

Quando nos fala da sarjeta
com palavras da gaveta
e com uma quase baioneta
nos cutuca igual vareta!

Ou nos aponta uma borboleta
com uma luneta
bem direta.
Das cores de sua paleta
nos traz uma historieta
com tristeza lisboeta!


domingo, 28 de janeiro de 2018






O DIA DE MARIA|MARIA E O SEU DIA
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“Dói os ‘quarto’
a cozinha, a sala
tudo ... até o banheiro!”

“Tô com dor”, diz Maria!

Sente na carne, sente dentro
sensação e pensamento.
Ela confunde as duas.
Uma dor que não passa!
Não sabe onde começa.
Cá pra nós, vem  lá de cima!

Se Maria descrevesse, seria assim:

“Ela desce pela escada
e quando passa pelo peito
sempre dá um jeito
de ‘apertá’ o coração ...”

Maria desconfia: “não foi lá que começô”

“ ... depois, ela espeta o estômago
espreme e revira as tripa
mas num coloco os bofe fora ...”

Ainda nas palavras de Maria:

“ ... desce mais um pouco
por dois corredor
cumprido
pra cutucá as unha lá de baixo!
Depois disso a danada
sobe tudo de novo
corredor, escada
espreme, espeta, arde
até chegar lá no alto
só pra latejá minha cabeça
e jogá pingo de choro!
Fica assim o dia todo
sobe, desce, sobe
incomodando!"

E Maria, que é ‘das Dores’
mas não é santa
fica querendo:
  "mandá ela praquele lugar!"





sexta-feira, 26 de janeiro de 2018





DAS BORBOLETAS, TAMBÉM
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As minhas preces sobem aos céus, eu as imagino nas asas das borboletas, levando os meus pedidos, os nossos - o mais alto que podem.  O céu é das borboletas, também.

Como se fosse preciso, que nossos anseios alçassem voo, o mais alto possível e mais próximo ao trono do Criador, onde ele se assenta.  Não é!

Porque ele está, tanto em cima,  
muito além do alcance dos pássaros, 
quanto nas profundezas dos mares, 
ao nosso lado - nas vestes de cada irmão na criação, de todas as espécies ... 
e sobretudo dentro de nós!

Está em cada sinal de fumaça, em cada batida de tambor, em cada adoração viva!

Num pequeno gesto de caridade, numa palavra de misericórdia e num louvor!

Em cada pulsar de vida, em cada respiração do espírito!


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018




ENTRE PAREDES
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As paredes das consequências - advindas das minhas escolhas.

Estou dentro delas.  Não há portas.  Se há, não possuem fechaduras nem chaves, posso abri-las quando quiser.  Não são muros, mas cerceiam meu arbítrio, em certos passos.

É a tal da escravidão livre de que falam, a qual me submeto.

As paredes não são fixas em seus lugares.  Têm dias em que elas se aproximam demais de mim e diminuem o território reservado à minha inteireza.

Tanto as escolhas, quanto os seus desdobramentos – são todos meus. Mas que fique bem claro, para mim mesma, aos meus ouvidos (os mais próximos) ... que eu não sou deles.


Claro também está, que estou e permanecerei dentro delas, mas todo ser humano precisa saber o quanto de espaço é necessário - para não se deixar deformar ... e continuar a ser quem é!




quarta-feira, 24 de janeiro de 2018




DE PLUMAS E VENTO
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Não temes monstros marinhos!
Podes com todos os males!
Correrás por todos os vales!
Só não podes, com teus burburinhos
que preferes silenciar
e aprisionar, sem voz, quietinhos
... de dores a gerenciar
... de modos, a reparar!

Te tornas, o elo mais fraco
quebradiço e feio.
Guardas no fundo do saco
as mazelas que adornas
de plumas e vento, como recheio.
São águas mornas
que não servem de esteio.
Aos nervos enfermam
e frias retornam.
Assim se rompe a corrente
e toda a confiança inerente!



terça-feira, 23 de janeiro de 2018





RE_EDIÇÃO 
Teus olhos azuis
23/01/17





Mergulhei e não mais regressei,
do azul dos teus olhos!
Dos teus olhos azuis e profundos,
eu nunca voltei ... nem quero voltar!
Fundo, ainda eles me têm ...
Perdido e achado,
num mar sem fim!


Augusto Cury - 4 Semanas Para mudar a sua história









PSI __ 77 __ Minhas considerações __GESTÃO DAS EMOÇÕES



O nosso metabolismo cerebral tem um BIÓGRAFO INCONSCIENTE,  não autorizado - até então não estudado - que registra e arquiva nossas experiências intelectuais, emocionais, imagens, fantasias ... tudo que nos acontece, de acordo com a intensidade de emoção atrelada a cada fato. 

Há JANELAS que se abrem, e são capazes de nos fazer sentir e sentir novamente, cada um dos acontecimentos.

Somos CONSUMIDORES EMOCIONAIS IRRESPONSÁVEIS, ao darmos um CARTÃO DE CRÉDITO ILIMITADO às nossas emoções.

Vídeo interessantíssimo para quem deseja conhecer a si mesmo e aprender a entender o que acontece com as suas emoções, de modo a não ser prejudicado pela sua não gestão.




domingo, 21 de janeiro de 2018





Podemos perdoar uma criança quando ela tem medo do escuro, mas
a verdadeira tragédia da vida é quando um homem tem medo da luz."

Platão - Imagem: Marcel Caram





NÃO NECESSARIAMENTE
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De que me vale ter um livre arbítrio, se invariavelmente, as minhas escolhas me levam a lugares onde não gostaria de estar, onde mesmo assim me demoro, pela razão mesma de honrar minhas decisões!

De livre, nada tem. É parcial, cego e presunçoso.

Considero, que múltiplas alternativas sejam necessárias, para se exercer um real e total 'livre' arbítrio, não apenas duas: sim e não.

Só para nos responsabilizar pelos prejuízos, a nós e aos outros?  Para nos acostumarmos a escolher e um dia aprendermos a escolher direito?

Questiono aqui, quão 'livre' é esse meu arbítrio!



sábado, 20 de janeiro de 2018




QUARTOS E DIAS
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arte: catrin welz stein




Nossa trajetória não é nada cinematográfica, uma coisa sem glamour. Não vamos atingir o peso desejado, nem ao que nos fizeram acreditar que alcançaríamos. Seremos sempre um coelhinho atrás de uma apetitosa cenoura.

É como estar num quarto fechado, num dia de calor infernal, com roupas pesadas, de frente a um ventilador recém desligado - embora suas pás ainda girem, sentimos faltar o ar.  E são muitos quartos fechados, muitos dias de calor infernal!

Não é superlativa, tampouco absoluta.  Não temos uma trilha sonora que nos acompanhe, nem quem nos retoque a maquiagem.  Se por acaso, ficarmos sem fala, não haverá quem nos sopre aos ouvidos - nada adequado para se dizer.

É uma constante improvisação e adequação, a remediar e a re_inventar saídas.

A figura que a espuma faz formar sobre a água,  pode mostrar-se como uma silhueta humana, mas um simples pingo ou brisa, pode transformá-la em algo irreconhecível. 




sexta-feira, 19 de janeiro de 2018








Meus agradecimentos ...


pelas 56.009 visualizações às 9:45 horas de hoje!





arte: anne soline





quinta-feira, 18 de janeiro de 2018




PAVÃO E JUSTIÇA
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De todas as aves 
uma das mais belas!
E ele sabe que é belo!
Mais belo que a sua parceira!

Nem se pergunta o por quê!

Sai por aí, pavoneando ...
arrastando as penas no chão
abrindo-as, em forma de leque
 quando quer se mostrar!

Mas o seu canto? 
 ... é mais um grito que canto!

Injusto aos meus ouvidos
que esperam um canto
tão belo quanto sua bela imagem.

Às vezes me assusta!

Melhor seria
que calasse seu bico 
e nada gritasse, só desfilasse
... já estava bom!

Melhor ainda!
... que eu me preocupasse
com o que me importa
e não, em reformar o que me desagrada!










UMA OBRA DE ARTE


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Ao seu tempo, tudo se acaba.
De fraqueza
a esperança se extingue!
A dúvida fecha as cortinas
à frente de si
e passa a palavra à certeza!

Como tudo se vai, eu espero também 
que a aflição, morosa e teimosa
tenho um enfarto ...
ou perca a memória e se esqueça de mim!

Como a obra de arte esculpida da pedra
que aos poucos se faz
e toma forma ...

... a vida lhe tira
o frio aspecto de cera
na mesma hora em que a pedra 
rouba da vida a transparência da pele!

Eu sou a pedra talhada
de vida insuflada
  arrancando-lhe  o ar de cera
e instalando a transparência!





terça-feira, 16 de janeiro de 2018





X, Y e Z
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Eu me mostrei vulnerável ...
foi preciso coragem 
e eu não me envergonho!

Permiti que me visses ...
mostrei que queria amor 
e merecia ser amada!

Mas me vistes, com teus olhos
amaste-me com teu amor
... é claro!

Não enxergastes partes minhas
que não cabem no teu amor!

Coloquei a mostra 
a minha imperfeição!

Sem garantias
fui mais longe do que permitia
a plasticidade do meu ser!

Algumas lacunas ficaram ...
não se preenchiam do que devia
e nem do que não devia.

Tentei relegá-las a não importância
apliquei-lhes certo anestésico
mas o efeito passava
e redescobria os buracos
mais fundos e doloridos!

Pedi em palavras, e em meus silêncios
... mas nada veio!

Sem transparência maior
e com toda a minha integridade
eu te digo
que estas partes são minhas
são caras e as preso!
Meu valor, não precisa de provas.

Admiti-me perfeita
dentro da minha imperfeição!

Compadeci-me de mim mesma 
em primeiro lugar
e depois de ti, por não me ver
em raios X, Y e Z!