A PEDRA ________________________________________ 450
catrin welz-stein |
A julgar pela pouca luz que entra
pelas frestas da janela, ainda é cedo, o relógio ainda demora a avisar que é
hora.
São tantos os caminhos, mas sei bem qual vou pegar. Embora cheio de sombras,
é o único que está aberto.
Quantos aos outros - os
desconhecidos – outros pés já trilharam por eles e chegaram a algum lugar. Eu me aventuro, timidamente e bem devagar, a
caminhar por um ou dois passos em terreno que não conheço, até que se torne conhecido e tido como certo.
Em todos eles há sombras e sol, trechos íngremes e perigosos, quando não - se apresentam como verdadeiros
despenhadeiros não menos ameaçadores e que despencam até a escuridão total.
Em qualquer um, carrego uma pedra invisível aos
olhos, feita de material denso, cuja origem a química não conheceu e que
balança nenhuma é capaz de dizer quanto pesa.
Não existe um, em que seja fácil
andar, seja por conter espinhos, ou folhagens que açoitam a minha pele, ao
desbravá-los. Seja por apresentarem pedras pontiagudas no chão que ferem meus
pés. Seja pelas intempéries que caem
sobre mim.
Uma pedra carregada, atrasa minha
subida, mas a mesma pedra pode me fazer precipitar ladeira abaixo mais rápido. Ao subir, a pedra está sempre à minha frente – eu a
empurro. Ao descer, a pedra está atrás
de mim, massacrando meu corpo, já tão cansado.
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