sexta-feira, 10 de junho de 2022

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BORBOLETAS ADORADORAS

Elas se entregam ao sol e seguem-no, até que a última gota de escuridão apague o seu brilho, levando-o para outro lado do mundo e deixando apenas o breu ... elas idolatram o sol.  Há ainda aquelas, que se abrem ao anoitecer, confundidas com uma luz diminuída, talvez, à procura de um maior frescor, com medo de se queimarem ... são as adoradoras da lua.

Certo dia, ouvi dizer que as flores são borboletas presas ao chão.  Pois então, eu concordo com essa explicação.  Sem poderem alçar voo, exalam perfumes puros e diferenciados, na tentativa de que algum inseto ou pequeno bico de pássaro, venha visitar o seu regaço e fazer farfalhar, ainda mais as suas saias, quando a brisa é leve. Deixam-se penetrar por eles, sem pudores e sem reservas.  Descaradas, abrem-se em botões em movimento sinuoso, num puro esplendor.  Uma vez abertas, sacodem suas saias, feitas de pétalas delicadas, em espasmos ritmados, como o fazem, as bailarinas, quando querem dar mais graça à sua dança.

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