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BORBOLETAS ADORADORAS
Elas se entregam ao sol e seguem-no, até que a última gota
de escuridão apague o seu brilho, levando-o para outro lado do mundo e deixando
apenas o breu ... elas idolatram o sol. Há
ainda aquelas, que se abrem ao anoitecer, confundidas com uma luz diminuída,
talvez, à procura de um maior frescor, com medo de se queimarem ... são as
adoradoras da lua.
Certo dia, ouvi dizer que as flores são borboletas presas ao
chão. Pois então, eu concordo com essa explicação. Sem poderem alçar voo, exalam perfumes puros
e diferenciados, na tentativa de que algum inseto ou pequeno bico de pássaro,
venha visitar o seu regaço e fazer farfalhar, ainda mais as suas saias, quando
a brisa é leve. Deixam-se penetrar por eles, sem pudores e sem reservas. Descaradas, abrem-se em botões em movimento
sinuoso, num puro esplendor. Uma vez
abertas, sacodem suas saias, feitas de pétalas delicadas, em espasmos ritmados,
como o fazem, as bailarinas, quando querem dar mais graça à sua dança.
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