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'PAIXÃO', POR NASCIMENTO
Veio a paixão, e por medo de ser rejeitada ou talvez, por medo
de ser correspondida, permaneceu calada. Respondeu o tempo, à pergunta
que não queria calar: "não correspondida"(!)
A paixão então, sem argumentos para se manter 'apaixonada', teve
que lidar com a sua frustração e de dar um jeito naquela 'coisa', que a
alegrava, mas também fazia doer - reconheceu que estava mais para uma
'doencinha', do que para algo que lhe desse conforto. Acabou por
perceber, que nutria um secreto apego, em relação a algo que não lhe fazia bem
- algo que era doce, mas ao mesmo tempo, corria-lhe as entranhas. Ela
imediatamente, passou a associar o que sentia, ao cheiro do ácido, que é doce,
coça a garganta, mas corrói os pulmões.
Uma vez, admitido que não era uma coisa saudável de se
alimentar, porque além de machucar, não tinha futuro - precisava tomar uma
atitude e o mínimo que podia fazer, era reestruturar aquela 'coisa' que sentia
... se é que isso era possível!
Não se sabe bem ao certo quem a transformou, se foi o tempo,
enquanto deixava bem claro, que seu afeto não era retribuído. A sequência
dos acontecimentos, convenceu a razão, do que era melhor para todos e de uma
certa forma, convenceu também a própria paixão, que passou a ser menos exigente
e a não mais esperar a retribuição. Aos poucos foi se remodelando,
amadurecendo, mas deixar de sentir, ela nunca deixou! Têm dias, em
que ela nem se lembra que sente(!), mas às vezes, ainda coça-lhe a garganta e
seus bracinhos querem abraçar novamente, o seu velho afeto.
Diante de toda essa metamorfose, ela passou a ser um pouco mais
incondicional, quase não se reconhece mais como antes e mudou de nome - nascida
'paixão', atende agora pelo nome de 'bem-querer'.
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