segunda-feira, 15 de novembro de 2021

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'PAIXÃO', POR NASCIMENTO





Veio a paixão, e por medo de ser rejeitada ou talvez, por medo de ser correspondida, permaneceu calada.  Respondeu o tempo, à pergunta que não queria calar: "não correspondida"(!) 

A paixão então, sem argumentos para se manter 'apaixonada', teve que lidar com a sua frustração e de dar um jeito naquela 'coisa', que a alegrava, mas também fazia doer - reconheceu que estava mais para uma 'doencinha', do que para algo que lhe desse conforto.  Acabou por perceber, que nutria um secreto apego, em relação a algo que não lhe fazia bem - algo que era doce, mas ao mesmo tempo, corria-lhe as entranhas.  Ela imediatamente, passou a associar o que sentia, ao cheiro do ácido, que é doce, coça a garganta, mas corrói os pulmões.

Uma vez, admitido que não era uma coisa saudável de se alimentar, porque além de machucar, não tinha futuro - precisava tomar uma atitude e o mínimo que podia fazer, era reestruturar aquela 'coisa' que sentia ... se é que isso era possível!

Não se sabe bem ao certo quem a transformou, se foi o tempo, enquanto deixava bem claro, que seu afeto não era retribuído.  A sequência dos acontecimentos, convenceu a razão, do que era melhor para todos e de uma certa forma, convenceu também a própria paixão, que passou a ser menos exigente e a não mais esperar a retribuição.  Aos poucos foi se remodelando, amadurecendo, mas deixar de sentir, ela nunca deixou!  Têm dias, em que ela nem se lembra que sente(!), mas às vezes, ainda coça-lhe a garganta e seus bracinhos querem abraçar novamente, o seu velho afeto.  

Diante de toda essa metamorfose, ela passou a ser um pouco mais incondicional, quase não se reconhece mais como antes e mudou de nome - nascida 'paixão', atende agora pelo nome de 'bem-querer'.





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