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NO CÉU DA BOCA
Quando a noite abraçou o dia, aproveitou-se desse momento de intimidade entre os dois. Na entrega/permissão - um tanto descuidada do dia - a noite pôs sua lingua fria, a dançar pela boca iluminada, desbravando as entranhas quentes e prazerosas, que encontrou.
Por sua vez, o dia correspondeu às intenções da noite. Então, a lingua prateada mais a lingua dourada, bailaram livres, num céu sem gravidade e impedimentos.
A prata e o ouro se amalgamararm, dando origem à vigorosa luminescência - que os olhos, incapazes de suportarem - se fecharam. Só bem mais tarde, apareceram as estrelas.
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