sexta-feira, 17 de abril de 2020



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 ENTRE SOMBRAS E ECOS
17/04/20 






O sentido da visão, é o que mais consome a energia destinada ao funcionamento do cérebro.  São mais de 25 áreas do córtex visual, envolvidas na análise de uma única imagem, ao ser analisada.

Depois de milênios fora da caverna, fomos obrigados a retornar para dentro dela.  Depois de termos descoberto e conquistado a liberdade; depois do nosso esquecimento, de como era o 'viver em confinamento' - somos forçados a nos enclausurarmos novamente, a nos relembrarmos daqueles tempos.

O fogo voltou a distorcer as sombras projetadas nas paredes - e pela importância da visão, em relação a todos os outros sentidos - elas têm o poder de nos aterrorizar.  Estamos a fazer desenhos, com tintas primárias e objetos grotescos, que serão deixados à posteridade, na superfície rude de pedra. Às sombras, se juntaram os sons, em forma de ecos, igualmente distorcidos e assustadores.

Vez ou outra, alguém tem que se aventurar ao exterior, em busca da 'caça'.  Não encontra animais selvagens, nem ferocidade das mandíbulas conhecidas.  Quem se aventura para fora da caverna, se expõe aos inimigos invisíveis, que de tão minúsculos, parecem inexistentes, mas permanecem desconhecidos e perigosos.

Os inimigos do homem, agora são outros; como são outros também, os homens, com mãos e pés amarrados - entre sombras e ecos.

E a história parece se repetir.


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