BURACOS
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Onde quer que eu vá, levo meus 'buracos' comigo. Eu os levo à tira-colo, ou de uma forma mais atual, digo que os carrego numa pequena bolsa transversal, junto ao corpo.
Eles sempre se colocam com seu peso e presença, à frente de qualquer bagagem que eu julgue necessária.
Embora a superfície deles, pareça ser tão calma quanto a de estar em alto mar, não indicam os verdadeiros perigos ocultos, que espreitam e ameaçam em mergulhos profundos.
Sou capaz de me perder dentro deles, e é preciso que eu diga a mim mesma, umas mil vezes - que vou conseguir subir à tona. Estupidamente, me deixo levar pelos pensamentos intrusivos e sou levada ao fundo!
Eles representam tudo aquilo - e ao mesmo tempo guardam - o que deixou de ser feito, por falta de empenho próprio, ou por falta de empenho alheio. Muito embora eu tenha consciência de ter feito tudo o que pude, cobro sempre um bocadinho mais de mim mesma.
A verdade é que foram coisas que deixaram a desejar, que muito além de não saírem como eu esperava, me surpreenderam pela capacidade de contrariar o meu desejo, afrontando a minha verdadeira e real intenção.
Ah ... como é difícil admitir que o controle não se deixa possuir!
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