RELUTÂNCIA ________________________ 521
Os cafezais estão torrando nos campos, num estranhíssimo inferno de final de
inverno. Os peixes, literalmente, morrendo pela boca, porque comem o
nosso lixo.
Os seres humanos secando, física e energeticamente, na aridez do planeta ... morrendo afogados ou destroçados pelas catástrofes de
todos os tipos. Aqueles que sucumbem de doenças novas e das velhas
conhecidas. Outros que definham por doenças não vistas e mesmo
assim, acreditam ter qualidade de vida.
Os animais, as plantas, as rochas, todos se ressentem das comoções que
afetam o equilíbrio e ameaçam a vida.
O planeta resiste com longos e penosos haustos, que lhe custam os
pulmões já envenenados e que perderam a capacidade de inflar e soltar o
ar. Num sacrifício hercúleo, de quem se dá por amor e não pelos
louros.
Arranca ainda assim, de suas entranhas o alimento, a água, o berço
necessários a todos os seres viventes. Permite que lhe extraiam as
riquezas que são de todos, para alguns poucos.
O homem ainda insiste, finge que não é com ele, embora pressinta uma certa culpa por todo esse processo, ainda nega a sua responsabilidade - enquanto não consegue admiti-la como sendo sua e quando deixa de fazer algo a respeito,
porque fazer algo a respeito é parar um processo muito lucrativo.
Acompanha a tudo isso, o infortúnio, que é um vírus invisível a olho nu, penetra por qualquer brecha,
se infiltra por qualquer rachadura, atravessa qualquer barreira. Pode ser sólido, líquido, gás ou espectro. Não
há um só lar em que não se faça conhecer e se tornar íntimo. Em cada
um que adentra, senta-se à mesa, deita-se à cama, prostra-se de frente à tv.
Nenhum comentário:
Postar um comentário