quarta-feira, 14 de agosto de 2024

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DOIS MAIS DOIS 

Eu tenho que admitir, que em alguma gaveta secreta eu guardo uma peça egoísta, para ser usada em momento oportuno.  Do contrário, estaria sendo hipócrita. 

Não é quando, a razão se convence, de que o desprendimento é sinal de superioridade, que eu me torno desapegado.  Não é quando, eu percebo que o melhor é deixar ir, que eu sou capaz de soltar. 

As conclusões a que chego, hoje, não me fazem melhor do que ontem - são transpirações do meu intelecto, que sabe fazer contas e chegar ao resultado adequado, de quanto é ‘dois mais dois’ - somando as bordoadas educativas, que recebe.  O que de fato, pode me fazer melhor do que antes, é exercitar a mudança de comportamento, na maioria das vezes, tão cristalizado.

Entre o convencimento do mental e o arrastamento do hábito, haverá ainda, muita palavra dura, muita voadora no peito – dadas e recebidas.   É preciso arrumar aos poucos, e bem aos poucos, cada cantinho oculto, revirando as tralhas que permanecem lá e das quais ainda me sirvo.

Entre a sombra e a luz existe uma infinidade de tons mesclados, alternantes para frente e para trás ou se quiserem, para baixo ou para cima.  Após uma claridade ou um progresso, espera-se a escuridão reincidente que faz retrogradar, num processo muito lento, porque é preciso antes, desconstruir o que está velho e dar conta de toda a sujeira.

Jogar fora a peça da gaveta, botar em desuso a palavra dura e sossegar o pé voador, são coisas necessárias e inevitáveis. Costumes muito enraizados, pedem um grande esforço, para se desprenderem de nós.   Antes que a luz possa ser mais forte, haverá tempo de muita bagunça.

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