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DOIS MAIS DOIS
Eu tenho que admitir, que em
alguma gaveta secreta eu guardo uma peça egoísta, para ser usada em momento
oportuno. Do contrário, estaria sendo hipócrita.
Não é quando, a razão se
convence, de que o desprendimento é sinal de superioridade, que eu me torno
desapegado. Não é quando, eu percebo que o melhor é deixar ir, que
eu sou capaz de soltar.
As conclusões a que chego,
hoje, não me fazem melhor do que ontem - são transpirações do meu intelecto,
que sabe fazer contas e chegar ao resultado adequado, de quanto é ‘dois mais
dois’ - somando as bordoadas educativas, que recebe. O que de fato,
pode me fazer melhor do que antes, é exercitar a mudança de comportamento, na
maioria das vezes, tão cristalizado.
Entre o convencimento do
mental e o arrastamento do hábito, haverá ainda, muita palavra dura, muita
voadora no peito – dadas e recebidas. É preciso arrumar aos
poucos, e bem aos poucos, cada cantinho oculto, revirando as tralhas que permanecem
lá e das quais ainda me sirvo.
Entre a sombra e a luz existe uma infinidade de tons mesclados, alternantes para frente e para trás ou se quiserem, para baixo ou para cima. Após uma claridade ou um progresso, espera-se a escuridão reincidente que faz retrogradar, num processo muito lento, porque é preciso antes, desconstruir o que está velho e dar conta de toda a sujeira.
Jogar fora a peça da gaveta,
botar em desuso a palavra dura e sossegar o pé voador, são coisas necessárias e inevitáveis. Costumes muito enraizados, pedem um grande esforço, para se desprenderem de
nós. Antes que a luz possa ser mais forte, haverá tempo de muita
bagunça.
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