segunda-feira, 5 de agosto de 2024

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ESPELHO, ESPELHO MEU 

Sejas cuidadoso e só me reveles o que eu puder suportar, em porções, para que possam ser engolidas e digeridas, devidamente.  Algo brusco, temo, poderia afetar minha serenidade e sanidade, um tanto quanto voláteis!  Não espero que me ofereças falsas imagens; mas vás aos poucos, tirando minhas máscaras, inclusive aquelas das quais não tenho consciência de que as uso.  Uma por vez, e de maneira carinhosa, com a compaixão de não as arrancar à força.  

Antes, preciso me acostumar à ‘cara lavada’, sem artifícios de disfarces para os meus defeitos. São muitos, bem eu sei, mas eu peço tempo, para que venham cair como camadas ou mesmo como as peles das cobras, sem que deixem a carne viva por debaixo.  Tenho receio de ver-me nu e não gostar do que o reflexo mostrará.

Que tu me concedas tempo para a adaptação, entre uma e outra intervenção, tempo para a sutura e cicatrização.  Espero que as tuas revelações venham com as ferramentas necessárias para a reforma, ou ainda, que eu saiba onde encontrá-las.


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