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CORPO E SENTIMENTO
Mas afinal, do que são feitas
as nossas lembranças? Poderíamos
afirmar que são recordações fiéis do que se passou conosco? É preciso se pensar a respeito!
Lembramos não só do que presenciamos,
mas sobretudo, nos lembramos de como nos sentimos. Portanto, nem tudo que nos re_passa na
memória, é do jeito que foi, de fato.
Estivemos presentes de corpo e
de sentimento, nos momentos que nos foram especiais, agradáveis ou nem
tanto. Para nós, aconteceu exatamente
assim, como nos lembramos. Dessa forma,
as lembranças são tecidas de recordação e divagação do nosso imaginário, que
nos faz construir uma realidade pessoal, que se agrega ao fato em si.
Quando as lembranças nos vêm à
tona, vêm carregadas de informações completas, e isso se dá durante um longo
tempo. São imagens que saltam em cores,
sons, movimento e cheiros. À medida que
o tempo passa, percebemos que as imagens que sobem à superfície, começam a se
desfazer pelas bordas, como se estraga o papel das velhas e raras fotos – suas
beiradas ficam gastas. É assim que as
lembranças se apagam, aos poucos da memória.
As cenas das quais queremos nos lembrar, começam a ficar embaçadas e sem
definição, do exterior em direção ao meio. Esse é o indício de que estão
perdendo a nitidez.
Terminam, quase que
desaparecendo por completo, se transformando num grande borrão. Fica evidente a dúvida, de como as coisas aconteceram
na realidade, porque a memória já não é mais a mesma; embora a emoção que as
acompanhou, seja ainda bem viva. Ah! a
emoção, ela nunca mente, nem nos deixa enganar.
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