segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

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CORPO E SENTIMENTO 

Mas afinal, do que são feitas as nossas lembranças?   Poderíamos afirmar que são recordações fiéis do que se passou conosco?  É preciso se pensar a respeito!

Lembramos não só do que presenciamos, mas sobretudo, nos lembramos de como nos sentimos.  Portanto, nem tudo que nos re_passa na memória, é do jeito que foi, de fato.

Estivemos presentes de corpo e de sentimento, nos momentos que nos foram especiais, agradáveis ou nem tanto.  Para nós, aconteceu exatamente assim, como nos lembramos.  Dessa forma, as lembranças são tecidas de recordação e divagação do nosso imaginário, que nos faz construir uma realidade pessoal, que se agrega ao fato em si.

Quando as lembranças nos vêm à tona, vêm carregadas de informações completas, e isso se dá durante um longo tempo.  São imagens que saltam em cores, sons, movimento e cheiros.  À medida que o tempo passa, percebemos que as imagens que sobem à superfície, começam a se desfazer pelas bordas, como se estraga o papel das velhas e raras fotos – suas beiradas ficam gastas.  É assim que as lembranças se apagam, aos poucos da memória.  As cenas das quais queremos nos lembrar, começam a ficar embaçadas e sem definição, do exterior em direção ao meio. Esse é o indício de que estão perdendo a nitidez.

Terminam, quase que desaparecendo por completo, se transformando num grande borrão.  Fica evidente a dúvida, de como as coisas aconteceram na realidade, porque a memória já não é mais a mesma; embora a emoção que as acompanhou, seja ainda bem viva.  Ah! a emoção, ela nunca mente, nem nos deixa enganar.

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