Pensei estar boiando sobre a superfície da água. E estava, só que de cara para baixo. Da minha boca escapavam bolhas de ar; eu tinha
os olhos arregalados, mas sem enxergarem; os membros paralisados. Estava preso por um fio invisível, que me
mantinha ligado a um ponto específico do fundo, por uma âncora imaginária e nem por isso, menos precisa. Podia-se dizer que eu era um vivo-morto, porque conservava a posição
horizontal, jazia debaixo d’água, porém a consciência ainda estava presente, presa por um outro fiozinho invisível.
Sem nenhum movimento do corpo, a única coisa livre e capaz de
mover-se era o meu pensamento, usando de uma autonomia que eu não possuia. Nessa altura, já não sabia, se era eu quem pensava ou se era o pensamento, que carregava a minha mente dentro dele. Ali, debaixo d’água, ele fatalmente, tendo suas asas molhadas, forjara membros em forma de remo para conseguir nadar.
arte __ agnes cecile
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