sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

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ENTRE O SIM E O NÃO 

Já não sei, se és o oxigênio que me falta ou se o ar que me sufoca.  Espremo a estória, pra contar-te entre os vivos; mas às vezes te mato, ao rasgar as folhas escritas.  Tenho ganas de levar-te à minha casa; quando não, sinto o alívio de não ter que fazê-lo.  Fico preso entre o ‘possível sim’ e o ‘não improvável’.  Já nem sei o que digo, nem o que sinto.  Finjo não me importar, mas no fundo me mordo.  Concluo que ao final, oxido minhas células, por demais.

Coleciono pequenas esperanças, pra depois vê-las escorrer por dedos transparentes. Desliso sobre a linha que une os dois polos opostos, com a mesma naturalidade do pêndulo que marca o tempo, com movimentos repetidos e monótonos.  Danço uma dança de pouquíssimos passos, cansativos e parassimpáticos, ora em cima, ora em baixo, como se não houvesse controle.  Essa gangorra de emoções me consome e me mata, aos poucos.

Não me decido, se ‘’sim’ ou se ‘não’, fico a maior parte do tempo, no meio do caminho, tão distante de um quanto do outro – como se buscasse um equilíbrio que não existe.

E ao contrário do pêndulo, que desenha no espaço, uma curva côncava e alegre ... eu registro um zigue-zague louco - apenas um sobe e desce frenético; traço um rabisco grosso e nervoso, de um risco sobre outros - num vai e volta, gastando sapatos e consumindo energia, sem chegar a lugar algum.


arte | agnes cecile

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