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ENTRE O SIM E O NÃO
Já não sei, se és o oxigênio que me falta ou se o ar que
me sufoca. Espremo a estória, pra
contar-te entre os vivos; mas às vezes te mato, ao rasgar as folhas escritas. Tenho ganas de levar-te à minha casa; quando
não, sinto o alívio de não ter que fazê-lo. Fico preso entre o ‘possível sim’ e o ‘não
improvável’. Já nem sei o que digo, nem
o que sinto. Finjo não me importar, mas no
fundo me mordo. Concluo que ao final,
oxido minhas células, por demais.
Coleciono pequenas esperanças, pra depois vê-las
escorrer por dedos transparentes. Desliso sobre a linha que une os dois polos
opostos, com a mesma naturalidade do pêndulo que marca o tempo, com movimentos
repetidos e monótonos. Danço uma dança
de pouquíssimos passos, cansativos e parassimpáticos, ora em cima, ora em baixo,
como se não houvesse controle. Essa
gangorra de emoções me consome e me mata, aos poucos.
Não me decido, se ‘’sim’ ou se ‘não’, fico a maior
parte do tempo, no meio do caminho, tão distante de um quanto do outro – como se
buscasse um equilíbrio que não existe.
E ao contrário do pêndulo, que desenha no espaço, uma
curva côncava e alegre ... eu registro um zigue-zague louco - apenas um sobe e
desce frenético; traço um rabisco grosso e nervoso, de um risco sobre outros - num
vai e volta, gastando sapatos e consumindo energia, sem chegar a lugar algum.
arte | agnes cecile
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